Sequestro do ônibus 174, no Rio de Janeiro, completa 15 anos

O sequestro do ônibus 174 completa 15 anos hoje. A tragédia começou por volta das 14h do dia 12 de junho de 2000, quando um criminoso armado entrou em um ônibus no Jardim Botânico, na Zona Sul do Rio de Janeiro, e manteve os passageiros reféns por quase cinco horas. A ação teve um desfecho trágico: Geísa Firmo Gonçalves morreu baleada pelo assaltante e o criminoso, Sandro Barbosa do Nascimento, também foi morto asfixiado dentro de um carro da Polícia Militar.
O crime e o fim trágico foi transmitido ao vivo para o todo o país. Horas antes, quando agentes tentavam convencer a rendição aos gritos, ele berrava de volta na janela do coletivo: “chama a Tia Yvonne”. Ela, porém, não foi encontrada. Até hoje, a ativista e artista plástica Yvonne Bezerra de Mello acredita que poderia ter evitado as duas mortes. Mas, sobretudo, acredita que – junto do poder público – poderia ter mudado o destino de Sandro.

Sandro citou tragédia da Candelária

Sandro viu, ainda criança, a mãe ser assassinada. Anos depois, assistiria à morte de amigos em sua nova “casa”: a calçada da igreja da Candelária, no Centro do Rio. Chamava-os “irmãozinhos”. No episódio, PMs deram fim a moradores de rua suspeitos de praticar delitos.
Dentro do ônibus, o sequestrador mantinha reféns e fazia ameaças. “Vou botar a chapa pra esquentar, paga pra ver! Quero que filme da forma que você está filmando aí. Seis horas”. Damiana Nascimento de Souza era uma das passageiras do ônibus e conta que Sandro tinha um planejamento para o crime. “Ele articulou o horário que ia começar a matar: 18h. Seis horas da noite não ia ter mais ninguém vivo dentro daquele ônibus. Ele dizia o tempo todo que última bala era dele. Ele não ia sair vivo dali”, relatou Damiana.
“Aí, parceiro: pode me filmar legal. Se liga só: eu estava na Candelária, o bagulho é sério, mataram os irmãozinhos na maior ‘judaria’. Então eu não tenho mais nada a perder mais, não, irmão!”, dizia Sandro Barbosa do Nascimento.

Fim trágico

A noite chegou e trouxe o que parecia ser o fim do drama. Sandro desceu do ônibus com a arma apontada para a refém. O policial do Bope, Marcelo Santos, se aproximou e atirou em direção ao assaltante, mas algo saiu errado.
O policial mirou em Sandro, errou o alvo e acertou de raspão o queixo da professora Geísa Gonçalves. Nesse momento, o bandido atirou três vezes nas costas da refém. Geísa tinha 21 anos e estava grávida de dois meses.