Quadrilha usava rede de lanchonetes para lavar dinheiro do tráfico de drogas

Quatro pessoas foram presas em um desdobramento da Operação Pulso Firme, que transferiu 27 presos para presídios federais nesta sexta-feira (28). Na ação, que cumpriu 156 ordens judiciais em oito cidades, foi desbaratado um esquema de lavagem de dinheiro através de uma rede de lanchonetes.

Conforme a Polícia Civil, a Skillus Lanches, que atuava em várias cidades do Rio Grande do Sul era, na verdade, uma fachada usada para lavar dinheiro do submundo do crime. A rede era apenas um dos empreendimentos que Juliano Biron da Silva, o Biron, 34 anos, abriu para lavar o dinheiro do crime. Ele é acusado de ordenar a morte do fotógrafo pela morte do fotógrafo José Gustavo Bertuol Gargioni, de 23 anos, morto em julho de 2015 em Canoas, na região metropolitana.

Durante a execução dos mandados dois fuzis, três pistolas, uma carabina calibre 22, silenciadores de fuzil, dois revólveres, mira laser, munições de diversos calibres, joias e mais de R$ 200 mil em dinheiro foram apreendidos. Foram cumpridos mandados em Porto Alegre, Canoas, Cachoeirinha, Gravataí, Novo Hamburgo, Tramandaí, Cidreira e Palmares do Sul.

Orcrim tinha 50 integrantes, diz delegado

Segundo o delegado Marcio Zachelo, da Divisão de Inteligência e Análise Criminal do Denarc, Juliano Biron é investigado por tráfico de drogas e associação ao tráfico. “Ele foi apontado como autor do homicídio praticado contra um fotógrafo em Canoas, que teria se envolvido com a namorada do suspeito, o qual foi preso em um apartamento em Balneário Camboriú, em Santa Catarina”, conta o delegado.

Com a responsabilização do suspeito pelo crime de tráfico de drogas, foi iniciada uma investigação sobre lavagem de dinheiro. “Focou-se na vertente de uma das maiores facções criminosas existentes no estado, figurando como investigados mais de 50 pessoas envolvidas”, acrescenta Zachelo se referindo à Orcrim (organização criminosa) comandada por Biron.

As investigações apontaram que o suspeito estaria lavando capitais no Estado. “A lavagem ocorreria através da constituição de empresas, uma casa noturna na Capital, uma revenda de veículos em Canoas, uma distribuidora de alimentos, um transportadora e um pub em Cachoeirinha, rede de lanchonetes com lojas em Porto Alegre, Canoas, Cachoeirinha, Gravataí, Tramandaí, Cidreira e Balneário Quintão, uma transportadora e imóveis em Santa Catarina, entre eles, o apartamento em que foi preso”, relata o delegado.

Outra forma que o grupo criminoso utilizava para praticar a lavagem de capitais seria com diversas negociações de veículos em nome de terceiros, muitos deles laranjas, com visível incompatibilidade entre seus bens e seus rendimentos. “Percebeu-se, durante as investigações, a participação de familiares de investigados, nas atividades criminosas realizadas pelos mesmos”, afirma o delegado.

Conforme a Polícia Civil, as investigações apontaram que as empresas encontram-se registradas em nome de pessoas cuja movimentação bancária e evolução patrimonial mostraram-se incompatíveis com os rendimentos declarados às autoridades, além de possuírem como sócios, laranjas sem poder de gerenciamento nas mesmas, bem como a figura de “gerentes de fato”, que em momento algum aparecem na constituição formal das empresas.

Polícia pediu o sequestro de bens dos membros da Orcrim

Segundo o delegado, foi possível identificar que os integrantes da organização fazem uso de veículos clonados ou adquiridos com fraude, bem como realizavam negociação de armas. “A Polícia Civil acredita que a responsabilização criminal dos autores e a descapitalização da organização criminosa, com a decretação judicial de sequestro dos bens móveis e imóveis adquiridos com proveitos de lavagem de dinheiro e tráfico de drogas, resultará em forte repressão às atividades criminosas praticadas pelo grupo, que continuará sendo investigado”, informou Zachelo.

Com a operação deflagrada nesta manhã contra a lavagem de dinheiro, a Polícia Civil realiza uma ação macro contra o narcotráfico. As investigações que culminaram na presente ação começaram em meados de 2015, resultando no indiciamento do suspeito de liderar facção criminosa com base no Vale dos Sinos.