BIBLIOTECONOMISTA

Biblioteca Pública do RS terá primeira diretora negra em 150 anos

Ana Maria, que tem mais de 20 anos de experiência em biblioteconomia, disse que o convite para chefiar a Biblioteca Pública do Estado foi uma surpresa.

Ana Maria é graduada em Biblioteconomia e Documentação e tem pós-graduação em Gestão do Conhecimento. Foto: Thiele Elissa/Divulgação

A Biblioteca Pública do Rio Grande do Sul será comandada, pela primeira vez desde a sua fundação, por uma diretora negra.

Ana Maria de Souza, que também está à frente do Sistema Estadual de Bibliotecas, assume Biblioteca Pública do Estado com o desafio de dar continuidade e aprimorar o trabalho de sua antecessora, Morganah Marcon.

“A gestão da Biblioteca Pública é muito complexa. Estamos falando de gestão de acervo histórico e de circulação, gestão de um centro cultural pulsante, gestão de um prédio tombado pelo IPHAN [Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional] e pelo IPHAE [Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Rio Grande do Sul], de gestão de pessoas e sobretudo de atendimento ao público. Diante de tudo isso, muitas frentes estão precisando de ajustes. E claro, tudo que é positivo e está funcionando, nós vamos manter e até ampliar”, ressalta Ana Maria.

Ana Maria é graduada em Biblioteconomia e Documentação e tem pós-graduação em Gestão do Conhecimento. Ela trabalhou por 22 anos na Petrobras Distribuidora, período em que coordenou diversos setores: Biblioteca, Documentação Técnica, Gestão Documental e Gestão de Efetivo. Na empresa, também foi consultora de Regulação.

Concursada do governo do Estado, já vinha desempenhando funções na Biblioteca Lucília Minssen, na Casa de Cultura Mario Quintana. Com toda essa experiência, ela se considera preparada e segura para encarar o novo desafio.

“Vou trabalhar com a equipe. Acredito muito na forma de gestão colaborativa. Tudo que tiver que ser feito será feito junto com eles desde o planejamento, passando pela execução, análise dos resultados e arrematando nos ajustes. Vamos investir também em treinamento para a equipe e em projetos de restauração e conservação do prédio”, ressaltou.

Expectativas

A secretária de Estado da Cultura, Beatriz Araujo, fala sobre as expectativas para a vinda da nova diretora.

“Ao iniciarmos a nova gestão, passamos por um período de renovação na Sedac, introduzindo mudanças em diversas áreas e nas instituições vinculadas. É preciso criar oportunidades e abrir espaços para novos talentos, ideias e projetos. Com a criação do Departamento de Livro, Leitura e Literatura, pretendemos intensificar a nossa atuação no segmento, estruturar ações em cooperação com a Secretaria da Educação para o estímulo à leitura, a qualificação do aprendizado e a promoção da cidadania. A Ana Maria tem perfil e experiência na área para estar à frente desses desafios na Biblioteca Pública do Estado”, reforçou a secretária.

Para Ana Maria o convite para chefiar a Biblioteca Pública do Estado foi uma surpresa. “Fiquei muito honrada com a oportunidade de dirigir uma biblioteca histórica, sob o ponto de vista cultural e arquitetônico. Estamos falando de um prédio belíssimo, um patrimônio, e da importância da Biblioteca Pública do Estado no despertar e estimular o amor pela leitura”, exaltou.

Sobre ser a primeira mulher negra à frente da Biblioteca Pública do Estado, desde a sua fundação, em 1871, Ana Maria pondera que o fato que a trouxe até aqui não é sobre a cor da sua pele.

“É sobre minha formação, minha experiência profissional, minha motivação e meu comportamento. Mas temos que ressaltar a importância de termos uma mulher preta na direção da Biblioteca Pública do Estado. Isso vai falar para as centenas de estudantes pretas que é possível, que a barreira da cor está sendo transposta”, ressaltou.

A biblioteconomista afirmou que já está trabalhando em novos projetos. E citou alguns deles: ciclo de palestras, digitalização do acervo, lançamentos de exposições itinerantes e da Revista Literária da Biblioteca Pública do Estado.