Planalto lotado

Em posse concorrida, Marina Silva reafirma compromissos com defesa ambiental

Nova ministra do Meio Ambiente e Mudanças Climáticas fez anúncios e elogiou servidores públicos.

A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, assume o cargo, durante cerimônia de transmissão, no Palácio do Planalto. Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

Em um das posses mais disputadas do novo governo Luiz Inácio Lula da Silva, a ministra do Meio Ambiente e Mudanças Climáticas, Marina Silva (Rede), assumiu o comando de uma das pastas mais prioritárias do país nesta quarta-feira (4). O evento deveria ocorrer no CCBB (Centro Cultural Banco do Brasil), mas foi transferido para o Palácio do Planalto.

Com um discurso emocionado, a ministra homenageou algumas das vítimas mortas por defenderem a Amazônia, como no caso de Bruno Pereira e do jornalista Dom Phillips, e detalhou alguns dos números do desmatamento e da desestruturação das agências ambientais.

“Vivemos um completo desrespeito pelo patrimônio socioambiental brasileiro. Os povos quilombolas e indígenas sofreram, as unidades de conservação foram invadidas por pessoas que se sentiam autorizadas pelo alto escalão do governo”, ressaltou.

“O estrago só não foi maior porque as organizações da sociedade civil e políticos se colocaram à frente de todo esse processo de desmonte, além de servidores públicos, fundamentais, e membros do judiciário que se colocaram como anteparo da resistência ambiental brasileira”, ressaltou Marina.

Em referência ainda ao governo de Jair Bolsonaro, a ministra ressaltou que “boiadas passaram no lugar onde deveriam passar apenas medidas de proteção ambiental” e ressaltou que o “Brasil passou a ser visto como pária internacional” em um tema que era um dos principais atores.

Marina reforçou que vai reforçar todas as agências de fiscalização ambiental e elogiou, por mais de uma vez, os servidores que permaneceram na defesa do país mesmo com a falta de recursos e o “esvaziamento” dos órgãos.

“Os servidores foram perseguidos, demitidos, maltratados, desautorizados e desrespeitados. Mas saibam que, a partir de agora, vocês serão respeitados. Respeitados”, disse sob muitos aplausos.

A nova ministra ainda anunciou que a Autoridade Nacional de Segurança Climática será criada até março e anunciou que o presidente Lula vai comandar um conselho sobre o tema e que terá a participação de todos os ministérios.

Por várias vezes, Marina citou a “transversalidade” do governo na questão ambiental e elogiou outros ministros que tomaram posse e se comprometeram publicamente com a defesa dos biomas.

Também anunciou a criação de uma secretaria extraordinária que se ocupará dos trabalhos em relação ao desmatamento zero até 2030, uma das promessas de Lula na campanha. Para essa nova entidade, será usado também parte do Fundo da Amazônia – reativado pelos primeiros decretos do novo presidente ainda no dia 1º de janeiro.