Caso Gabriel: sangue encontrado em viaturas não era do jovem, aponta perícia

Gabriel Marques Cavalheiro foi encontrado morto em um açude, na localidade de Lava Pé, em 19 de agosto, uma semana após receber uma abordagem policial em São Gabriel, na Fronteira Oeste

Uma perícia realizada pelo IGP-RS (Instituto-Geral de Perícias) constatou que o sangue encontrado em duas viaturas da BM (Brigada Militar) não pertencia a Gabriel Marques Cavalheiro. Os dois veículos, e mais um terceiro, foram utilizados na noite do desaparecimento do jovem, que foi encontrado morto dentro de um açude, seis dias depois de desaparecer durante uma abordagem policial, em São Gabriel, na Fronteira Oeste do Estado.

Com este fato, fica descartada a participação de uma segunda equipe de policiais na ocultação do corpo da vítima. Assim, devem arquivadas as suspeitas contra policiais da Patrulha Rural.

Outra dúvida presente no inquérito policial militar diz respeito ao tempo que o veículo usado na abordagem ficou próximo ao açude onde o corpo de Gabriel foi deixado. O GPS da viatura apontou que o veículo ficou para próximo ao local por aproximadamente 1min40. Este tempo, no entanto, é tido como insuficiente para o transporte do corpo até o local.

Agora, há ainda por ser realizada perícia nos celulares de outros oito policiais de São Gabriel que trabalhavam na noite do crime. O objetivo da investigação é saber se eles participaram da ocultação do corpo de Gabriel.

Situação na justiça

O segundo-sargento Arleu Júnior Cardoso Jacobsen e os soldados Cléber Renato Ramos de Lima e Raul Veras Pedroso, que participaram da abordagem a Gabriel, foram denunciados por homicídio doloso triplamente qualificado, com motivo fútil, meio cruel e uso de recurso que impossibilitou a defesa da vítima. Os três estão presos preventivamente no BPG (Batalhão de Polícia e Guarda), em Porto Alegre.

Eles se tornaram réus no processo. Já no início de setembro, a juíza Juliana Neves Capiotti, da Vara Criminal de São Gabriel, na Fronteira Oeste, recebeu a denúncia do Ministério Público.

Além disso, na Justiça Militar, eles são réus por ocultação de cadáver e falsidade ideológica.

O caso

Gabriel Marques Cavalheiro foi encontrado morto em um açude, na localidade de Lava Pé, em 19 de agosto, uma semana após o seu desaparecimento. O jovem de 18 anos, morador de Guaíba, estava na Fronteira Oeste para prestar serviço militar obrigatório.

As investigações apontam que ele foi abordado pelos três policiais após uma solicitação de uma moradora por perturbação do sossego e levado na viatura. Depois disso, Gabriel não foi mais visto com vida.