Rodoviários da Região Metropolitana decidem adiar greve prevista para esta terça-feira

Com a decisão, rodoviários vão manter estado de greve até nova reunião com os patrões na sexta-feira (12)

Rodoviários da região metropolitana de Porto Alegre decidiram, em assembleia, adiar a greve que estava prevista para esta terça-feira (9). Cerca de 3,5 milhões de pessoas dependem do transporte público coletivo intermunicipal. Empresas de transporte metropolitano dizem ter dificuldades em manter equilíbrio financeiro com aumento de custos e redução no número de passageiros.

Com a decisão, que não foi unânime entre a categoria, segue o estado de greve deflagrado desde a semana passada. As negociações entre rodoviários e patrões estão sendo realizadas pelo Sindimetropolitano (Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Transportes Rodoviários Intermunicipais da Região Metropolitana), pelo Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários de Guaíba, e o Setergs (Sindicato das Empresas de Transportes Rodoviários do Estado do Rio Grande do Sul). A mediação é do TRT4 (Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região).

A próxima rodada de negociação foi agendada para sexta-feira (12), às 15h. A discussão entre empresas, trabalhadores e Justiça vem se arrastando há dias e sem avanços. Na semana passada, foram três rodadas de mediação na tentativa de impedir uma greve. Na proposta realizada nesta segunda-feira, o Setergs apresentou contraproposta para quitar os salários até sexta-feira e quitação dos vales até quarta-feira (10), mas ela foi recusada pelos rodoviários por não apresentar avanços.

Presente na audiência, o secretário de Gestão Administrativa e Política do Rio Grande do Sul, Agostinho Meirelles Neto, anunciou que será protocolado hoje um projeto de lei envolvendo a antecipação do passe livre estudantil, no valor de R$ 18 milhões. O Governo agendará uma reunião com a Mesa da Diretora da Assembleia Legislativa para esclarecer a importância e a urgência da tramitação do projeto. O objetivo é tentar votá-lo antes do prazo máximo regimental, de 30 dias.

Como fica o transporte em caso de greve

Caso ocorra, a paralisação do transporte público pode afetar as linhas que atendem sete municípios da região metropolitana: Alvorada (Soul), Cachoeirinha (Transcal), Canoas (Transcal), Glorinha (Sogil), Gravataí (Sogil) e Viamão (Empresa Viamão). Também deve ser afetada a circulação do Consórcio Metropolitano de Transportes, conhecido como “TM – Transversal Metropolitana”. As linhas urbanas, ou seja, dentro dos municípios, não serão afetadas.

O motivo da paralisação é o atraso no pagamento integral dos salários do mês de agosto e dos vales alimentação dos trabalhadores. Apenas 60% dos vencimentos foi pago na sexta-feira passada (5), quando deveria ter sido quitado no último dia do mês. Os rodoviários pedem a garantia do pagamento do tíquete de alimentação, que deve ocorrer no dia 10 de cada mês.

Os usuários da empresa Vianova, que atua em Nova Santa Rita, têm transporte coletivo intermunicipal garantido. A empresa pagou 100% dos salários no quinto dia útil, o que garante a continuidade da prestação do serviço.

O Setergs e a Metroplan ainda não se pronunciaram.

Aumento na passagem

O sindicato patronal vem solicitando a revisão tarifária por parte da Metroplan. Após análise, a fundação sinalizou a necessidade de um reajuste tarifário de 19,3%. O processo de revisão tarifária só foi distribuído ao CETM (Conselho Estadual do Transporte Metropolitano) na sexta-feira (5), quando o cálculo foi apresentado.

A data do reposicionamento tarifário do serviço público essencial de transporte metropolitano de passageiros havia sido estipulada para 1º de junho, mas o valor da tarifa ainda não foi ajustado.

O sindicato entende que a conta não pode ser paga unicamente pelos usuários e reafirma a necessidade de contrapartida do Estado, com aporte que possa auxiliar no custeio do sistema.

Ônibus da empresa Soul, de Alvorada. Foto: Comunicação Metroplan (arquivo)