MPF apura denúncias de assédio sexual envolvendo presidente da Caixa

Pelo menos 12 mulheres relatam terem sido alvo de assédio sexual por parte de Pedro Guimarães.

O Ministério Público Federal abriu investigação contra Pedro Guimarães, presidente da Caixa Econômica Federal, após denúncias de assédio sexual. A investigação está sendo realizada em sigilo.

Pelo menos 12 mulheres relatam terem sido alvo de assédio sexual por parte de Guimarães. No entanto, outras vítimas ainda não teriam feito denúncias por medo do presidente da Caixa, a quem classificam como alguém de “perfil ameaçador”, segundo a TV Globo.

As funcionárias do banco apontam terem enfrentado situações nada profissionais em mais de uma ocasião, inclusive durante viagens oficiais realizadas pelo país. Em uma ocasião, Guimarães teria recebido uma das vítimas vestindo apenas uma roupa íntima e pediu para que ela entrasse no quarto do hotel onde ele estava hospedado.

“Me senti muito invadida, muito desrespeitada como mulher e como alguém que estava ali para fazer um trabalho. Já tinha falado que não era apropriado me chamar para ir ao quarto dele tão tarde e ainda me receber daquela forma. Me senti humilhada”, afirma a vítima.

Segundo outra vítima, Guimarães também pedia abraços inoportunos em frente a outros subordinados, perguntando se a funcionária era “leal” e se “confiava nele”. Outra vítima aponta que ele se insinuava, pedindo abraços maiores, onde tentava tocar seus seios ou suas partes íntimas.

“Fora assim, várias fotos. Ele, toda vez que vai tirar foto pega na cintura da gente com uma intimidade que não existe e isso deixa a gente muito constrangida. É muito sem graça assim. Eu me sinto meio violentada mesmo, quando ele tem esse tipo de atitudes”, afirmou uma das vítimas à TV Globo.

Algumas dessas mulheres dizem que simplesmente desistiram de usar o canal de denúncias oferecido pela Caixa. Elas afirmam que souberam de outros casos de assédio que não teriam sido levados adiante e contam que as vítimas sofreram retaliações.

O TCU (Tribunal de Contas da União) deve pedir informações sobre quais atitudes foram tomadas pelo banco público diante das denúncias.

Cancelamento

Pedro Guimarães é muito identificado com Bolsonaro e apoiador de primeira hora do presidente. Ele chegou a ser cotado como vice na campanha à reeleição.

Ainda melindrado com a prisão do ex-ministro da Educação Milton Ribeiro, na semana passada, o núcleo político do governo decidiu que Guimarães deve deixar o cargo. Ainda não se sabe se ele vai pedir demissão ou ele será exonerado. Pessoas mais próximas a Guimarães querem que ele seja afastado e se explique.

A Caixa Econômica Federal informou que o pronunciamento e a coletiva de imprensa com o presidente do banco, previstos para a manhã de quarta-feira (29), foram cancelados.