Santa Casa de Porto Alegre realiza primeira cirurgia fetal de coração

A cirurgia foi monitorada em tempo real por um médico de Barcelona, na Espanha.

Foto: Divulgação/Santa Casa

 

O Instituto Materno-Fetal Celso Rigo da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre realizou, pela primeira vez na instituição, um procedimento cirúrgico direto no coração de um feto, para o tratamento de uma cardiopatia congênita.

Com 32 semanas de gestação, o feto foi diagnosticado com estenose aórtica crítica, uma malformação na valva aórtica do coração que impede o órgão de bombear adequadamente o sangue para o corpo.

A cirurgia foi conduzida pela cirurgiã fetal Talita Micheletti Helfer e monitorada em tempo real pelo médico catalão Eduard Gratacós, direto de Barcelona (Espanha). O procedimento também contou com a participação dos médicos especialistas Marcelo Brandão da Silva, Carlo Pilla, Marina Domingues, Mariana Sgnaolin e Daniel Correa Helfer.

Como explica o cardiologista fetal e coordenador do Instituto, Marcelo Brandão da Silva, a realização do procedimento evita que o feto apresente piora dos sinais de insuficiência cardíaca, com a dilatação do lado esquerdo do coração e acúmulo de líquidos que podem provocar a evolução para óbito.

“Mesmo quando não ocorre o óbito do bebê, o quadro costuma se tornar extremamente grave, pois o lado esquerdo do coração começa a atrofiar de forma que, quando o bebê nasce, apresenta-se com ‘hipoplasia do coração esquerdo’, uma doença muito grave que necessita de cirurgia cardíaca logo após o nascimento, e mesmo assim a maior parte desses bebês acaba não resistindo. A abertura da valva na vida fetal impede que isso aconteça”, disse.

Procedimento

Nesse tipo de cirurgia, o acesso até o coração do feto é realizado com uma agulha, por onde é passado um cateter balão até chegar na valva aórtica do bebê, dilatando-a.

“Esse procedimento é extremamente complexo e envolvia riscos para o bebê, porém, era fundamental para uma real possibilidade de melhora do feto, permitindo reverter o quadro de insuficiência cardíaca e o crescimento do ventrículo esquerdo, além de melhorar muito a possibilidade de sobrevivência após o nascimento”, destacou.

Segundo Silva, o primeiro caso realizado na Santa Casa foi um sucesso e, uma semana após o procedimento, os exames continuam mostrando que a valva permanece aberta, com importantes sinais de melhora do quadro de insuficiência cardíaca.

Equipe responsável pelo procedimento. Foto: Divulgação/Santa Casa