Exportações do agronegócio gaúcho atingem US$ 15,3 bi em 2021, maior valor da série histórica

O crescimento foi puxado pelas vendas de soja no quarto trimestre, que registraram um aumento de 549,9% em relação ao mesmo período do ano anterior.

As exportações do agronegócio gaúcho registraram uma soma de US$ 15,3 bilhões em 2021, uma alta de 52,4% na comparação com 2020. O crescimento foi puxado pelas vendas de soja no quarto trimestre, que registraram um aumento de 549,9% em relação ao mesmo período do ano anterior.

O valor é o maior registrado desde o início da série histórica em 1997 e representa um aumento de cerca de US$ 5,3 bilhões em termos absolutos.

Os dados fazem parte do boletim Indicadores do Agronegócio do RS, divulgado nesta quinta-feira, e que é elaborado pelo Departamento de Economia e Estatística, o DEE, vinculado à Secretaria de Planejamento, Governança e Gestão.

Além da soja, também tiveram alta os setores de carnes, produtos florestais, e cereais, farinhas e preparações. O fumo foi o único a registrar queda nas vendas em 2021.

Elaborado pelos pesquisadores Sérgio Leusin Júnior e Rodrigo Feix, o documento apresenta números das exportações e do emprego formal no setor no Estado relativos ao quarto trimestre e ao acumulado de 2021.

“O ano de 2021 ficou marcado pelo restabelecimento dos níveis de produtividade das safras de verão no Estado, que foram profundamente abalados pela estiagem em 2020. Além da safra cheia, o incremento nos preços médios dos produtos exportados pelo agronegócio também contribuiu para o desempenho exportador no período”, ressalta Leusin.

No complexo soja, o desempenho de 2021 foi puxado pelas exportações do grão (US$ 6,2 bilhões; +111,1%), farelo (US$ 1,2 bilhão; +47,3%) e óleo (US$ 422 milhões; +449,4%).

Sem o impacto da estiagem na produção da oleaginosa, que deixou os estoques praticamente zerados no final de 2020, os números do quarto trimestre do ano foram os definidores para a alta anual. No último trimestre de 2021 as exportações da soja grão subiram 5.055,8% (mais US$ 1,2 bilhão) na comparação com o mesmo período do ano anterior.

Além da maior oferta gaúcha, o aumento nos preços internacionais da commodity, influenciado por uma série de fatores, impactou nos números finais das exportações.

“A pandemia, a produção menor de soja nos Estados Unidos, as dificuldades para o escoamento da safra argentina, estoques globais baixos e a ampliação da demanda chinesa por soja e milho foram determinantes para a escalada nos preços”, destaca Leusin no documento.

No setor de carnes, 2021 foi marcado pelo crescimento nas exportações da carne de frango (US$ 1,2 bilhão; +27,7%) e da suína (US$ 711 milhões; +13,3%). A carne bovina registrou queda nas vendas (US$ 308 milhões; -6%), movimento atribuído no boletim ao embargo promovido pela China no período entre setembro e dezembro. Ainda assim, o setor de carnes registrou em 2021 o maior volume exportado na história, com 1,2 milhão de toneladas comercializadas, 0,71% superior à melhor marca anterior, de 2008.

Nos produtos florestais, o desempenho em 2021 será lembrado pelo aumento nos preços internacionais da celulose. As vendas do produto gaúcho chegaram a US$ 1 bilhão, uma alta de 56,3% na comparação com 2020, enquanto a quantidade de material exportado ficou praticamente estável (+1,8%).

No segmento de cereais, farinhas e preparações, o trigo apresentou a principal variação positiva (US$ 259 milhões; + 132%) e o arroz a maior queda nas vendas (US$ 323 milhões; -28,5%).

No setor de fumo, as vendas externas do fumo não manufaturado, principal produto do segmento, tiveram queda de 8,3% no ano, totalizando US$ 1,1 bilhão em exportações. Os números foram puxados pela queda observada no quarto trimestre na comparação com o mesmo período de 2020 (US$ 331 milhões; -18,4%).

Principais destinos

A China manteve a liderança entre os principais destinos das exportações do agronegócio gaúcho em 2021, com larga vantagem em relação aos demais países da lista. A nação asiática foi a responsável por 48,6% das compras, seguida de União Europeia (11,2%), Estados Unidos (4,4%), Coreia do Sul (3%) e Vietnã (2,4%).

Em número absolutos, o aumento nas vendas externas para a China foi de US$ 3,3 bilhões, uma alta de 78,9% quando comparado com 2020, puxada pela soja em grão.