Veja como evitar o burnout no ambiente de trabalho

Depois de um ano e meio vivendo e trabalhando em meio a uma pandemia, não é surpresa que os funcionários estejam apresentando sinais de esgotamento emocional no trabalho a taxas recordes.

De acordo com um estudo de 2021 do Indeed, 52% dos funcionários hoje afirmam se sentirem esgotados. Mais da metade dos funcionários relata trabalhar mais horas, e um quarto afirma não conseguir se desconectar do trabalho.

A onda contínua de esgotamento relatada é uma tendência preocupante para empregadores de todas as regiões. O esgotamento emocional no trabalho não só prejudica a saúde mental e o bem-estar, como também pode afetar o absenteísmo, a retenção de funcionários e, entre a redução do moral e a alta rotatividade, a cultura da sua empresa.

Gerenciamento de crises é uma coisa, mas como evitar o esgotamento profissional constantemente para que os times possam se recuperar de modo sustentável?

Empresas do mundo inteiro agora estão dando passos maiores para conter o esgotamento, com líderes do setor como LinkedIn, Hootsuite e Bumble fechando seus escritórios por uma semana inteira para permitir que todos os funcionários tenham folga extra.

O CEO da Okta, preocupado com o esgotamento, pediu a todos os funcionários que lhe enviassem por e-mail seus planos de férias em 2021.

Todas essas são ótimas iniciativas para ajudar a promover o equilíbrio entre vida pessoal e profissional após um ano estressante. Porém, se você está preocupado com o esgotamento em sua empresa no longo prazo, também deve procurar maneiras de priorizar o bem-estar do time durante todo o ano.

Assim como criar um estilo de vida mais saudável, mudanças duradouras são feitas ao adotar medidas de apoio no cotidiano.

Estabeleça limites saudáveis de comunicação e modele-os

De acordo com um relatório de 2020 da Aviva, 44% dos funcionários afirmam sentirem que “nunca se desligam do trabalho”, enquanto 70% de todos os trabalhadores dizem que verificam regularmente e-mails e mensagens fora do horário de trabalho.

Esses hábitos têm consequências: mais da metade dos funcionários sente que sua saúde mental e física sofreu devido às pressões do trabalho.

Quando os funcionários sentem que não conseguem traçar uma linha entre o trabalho e a vida pessoal, cabe à liderança compartilhar claramente as expectativas de comunicação e modelar limites saudáveis para evitar a síndrome de burnout no ambiente de trabalho.

Incentive os funcionários a desativar todas as notificações de e-mail, Slack e aplicativos de trabalho fora do horário de trabalho e garanta que os gerentes não entrem em contato para fazer solicitações aos membros do time após o expediente.

É importante que os líderes da sua empresa também não falem apenas da boca para fora sobre o direito de os funcionários se desconectarem. Na prática: todos na liderança, desde o CEO até os gerentes dos times, devem evitar enviar e-mails fora do horário comercial ou entrar em contato com os membros do time durante folgas remuneradas.

Ao seguir as diretrizes, a liderança pode ajudar os funcionários a se sentirem psicologicamente seguros para cumprir os limites recomendados.

Elimine reuniões desnecessárias

“Bem, essa reunião poderia ter sido um e-mail”. Um estudo conjunto recente da Harvard Business School e da New York University descobriu que o número médio de reuniões aumentou 12,9% durante a pandemia, enquanto a duração de cada reunião cresceu 13,5%. Diminuir o número de reuniões é a primeira e mais rápida providência para a empresa liberar um tempo valioso para o time e evitar o esgotamento no trabalho.

Algumas empresas decidiram implementar “Quartas-feiras sem reunião” para ajudar os funcionários a se recuperarem.

Porém, outra opção seria examinar mais de perto cada reunião no calendário de um funcionário e perguntar: “Essa reunião precisa mesmo acontecer?”.

Embora alguns eventos devam acontecer em tempo real, como conversas individuais ou difíceis, muitas outras reuniões podem ser realizadas no formato assíncrono.

Diminua o número de ferramentas necessárias durante o dia de trabalho

De acordo com o Relatório de tendências SaaS 2019 da Blissfully, o funcionário médio usa pelo menos oito aplicativos por dia para trabalhar. Não é de se admirar que 40% dos funcionários estejam frustrados com as ferramentas de colaboração e comunicação que se espera que eles usem no trabalho.

Como estão sempre alternando entre e-mail, bate-papo, vídeo, documentos e muito mais, os funcionários consideram mais difícil do que nunca se concentrar no trabalho real que precisam realizar, o que estende o horário de trabalho, desperdiça tempo e leva ao esgotamento.

Para diminuir a quantidade de troca de contexto que os membros do time precisam fazer, diminua o número de ferramentas que eles precisam monitorar ao longo do dia.

Deixe claro que e-mails e mensagens de bate-papo não são emergências e que as notificações podem ser silenciadas enquanto o trabalho profundo está sendo realizado.

Na maioria das vezes, o trabalho não vai sofrer se os funcionários verificarem suas caixas de entrada ou mensagens do Slack apenas a cada duas horas.

Você também pode ajudar os funcionários a reduzir a mudança de contexto mantendo as informações organizadas em uma plataforma.

De acordo com uma pesquisa de 2019 realizada pela 8by8, quase 50% dos funcionários dizem que gastam até duas horas por dia procurando as informações de que precisam para trabalhar. Essa busca reduz o tempo valioso que os funcionários podem dedicar a fazer um trabalho que é importante para eles.

Reduza a quantidade de tempo que os funcionários precisam gastar buscando informações centralizando o máximo de trabalho possível em uma pilha de ferramentas acessível a todos.

Seja qual for o conjunto de ferramentas que você escolher, considere o conceito de “visor único”: os times operam em um local de trabalho movimentado, portanto, tornar as informações visíveis e detectáveis no menor número possível de locais ajuda muito a reduzir a frustração e o trabalho ocupado.

Faça checagens regulares dos membros da equipe

Deixando a dica mais importante de como evitar o burnout para o final, invista na orientação de gerentes e recursos para reconhecer e abordar os sinais de alerta de esgotamento nos funcionários. Faça com que eles verifiquem os níveis de estresse dos funcionários durante as reuniões individuais e incentive todos na empresa a tirar férias regulares e dias de licença médica quando necessário.

Os gerentes também devem ficar de olho na quantidade de trabalho que os funcionários estão assumindo. Os melhores funcionários geralmente se comprometem demais com o trabalho, sem reclamações, e desenvolvem síndrome de burnout no ambiente de trabalho, o que não ajuda ninguém.

Os gerentes precisam intervir e impedir que os funcionários assumam cargas de trabalho hercúleas, pois mesmo que alguém possa fazer muitas tarefas extras, não significa que deveria.

É possível evitar o burnout e o esgotamento profissional

A pandemia pode ter exacerbado o esgotamento dos funcionários, mas ele era um problema muito antes da covid-19. Infelizmente, também não existe uma solução única que possa extinguir o esgotamento.

Apoie a capacidade de seus funcionários de se concentrar e o equilíbrio entre vida profissional e pessoal focando as experiências cotidianas e você vai ver como evitar o esgotamento profissional, impedindo o acúmulo dele por muito tempo.

Diferenciando o burnout

Para diferenciar burnout, depressão e ansiedade, os pesquisadores aplicaram questionários de autoavaliação reconhecidos internacionalmente.

A partir das respostas, foi possível identificar a formação de três diferentes grupos, um para cada problema de saúde mental, concluindo que o burnout e os sintomas clínicos de depressão e ansiedade são empiricamente distintos.

De acordo com o psicólogo e pesquisador do IDOR Ronald Fischer, na pesquisa, um dos principais indicativos de burnout referia-se ao sentimento de esgotamento no trabalho. Já um dos principais tópicos que indicava ansiedade era ter muitos pensamentos e muitas preocupações a todo tempo.

Para identificar a depressão, os pesquisadores atentaram-se a quem não dizia estar muito feliz com a própria vida.

Segundo a pesquisa, a Síndrome de Burnout tem sido associada a um aumento de erros médicos e de custos para os profissionais de saúde além de desfechos adversos, de longo prazo, para a saúde.

Os profissionais que trabalham em UTIs estão particularmente mais expostos a situações de alto estresse e burnout, o que, potencialmente, traz consequências dramáticas para a saúde e o tratamento de pacientes.

O estudo foi descrito no artigo Association of Burnout With Depression and Anxiety in Critical Care Clinicians in Brazil [Associação de Burnout com depressão e ansiedade em clínicas de terapia intensiva no Brasil] publicado no Jama – Journal of the American Medical Association.

“É muito importante identificar [o burnout] mesmo que não seja uma condição que está classificada como doença”, diz o psicólogo e pesquisador do IDOR Ronald Fischer.

Ele explica que a intenção do estudo foi proporcionar um melhor diagnóstico dessa síndrome com intervenções e tratamentos mais assertivos.

“Burnout não é classificado como doença, mas uma síndrome de estresse dentro do trabalho”, explica, Fischer.

“Temos medicamentos e terapias que são indicados para depressão e ansiedade. Se não olharmos o nível do burnout, talvez, diagnostiquemos uma pessoa com ansiedade, que na verdade não é ansiedade, mas apresenta alguns sintomas que parecem. Por outro lado, se olharmos só o burnout e não a ansiedade e a depressão, não identificaremos os sintomas que podem ser tratados com medicamentos e terapias”, completa.

De acordo com definição do Ministério da Saúde, transtornos de ansiedade são doenças relacionadas ao funcionamento do corpo e às experiências de vida, podendo causar sensações extremamente desconfortáveis.

Estão entre os sintomas medos e preocupações exageradas, sensações contínuas de que um desastre ou algo ruim vai acontecer, falta de controle sobre os pensamentos, entre outros.

Já a depressão, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), é um transtorno mental caracterizado por tristeza persistente e pela perda de interesse em atividades que normalmente são prazerosas, acompanhadas da incapacidade de realizar atividades diárias, durante pelo menos duas semanas.