Polícia Federal faz buscas contra o cantor Sérgio Reis e deputado bolsonarista

A operação ocorre a pedido da Procuradoria-Geral da República e investiga incitação a atos violentos.

A Polícia Federal executa nesta sexta-feira (20) mandados de busca e apreensão contra o cantor sertanejo Sérgio Reis e o deputado federal Otoni de Paula (PSC-RJ), ambos apoiadores do presidente Jair Bolsonaro e suspeitos de incitar ações contra a democracia. “O objetivo das medidas é apurar o eventual cometimento do crime de incitar a população, através das redes sociais, a praticar atos violentos e ameaçadores contra a Democracia, o Estado de Direito e suas Instituições, bem como contra os membros dos Poderes”, afirmou a PF, em nota.

A operação ocorre a pedido da subprocuradora Lindora Araújo, da PGR (Procuradoria-Geral da República). As ordens judiciais foram autorizadas pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal). Ao todo, 13 mandados foram autorizados. Agentes da Polícia Federal (PF) foram a 29 endereços no Distrito Federal (1), além dos estados de Santa Catarina (6), São Paulo (2), Rio de Janeiro (1), Mato Grosso (1), Ceará (1) e Paraná (1).

Há cerca de uma semana, circularam nas redes sociais gravações em que Sérgio Reis convoca uma greve de caminhoneiros para pressionar o Senado a aceitar pedidos de impeachment contra Moraes e o também ministro do STF Luís Roberto Barroso, alvos de ataques de Bolsonaro.

“Nada vai ser igual, nunca foi igual ao que vai acontecer em 7, 8, 9 e 10 de setembro, e se eles não obedecerem nosso pedido, eles vão ver como a cobra vai fumar, e ‘ai’ do caminhoneiro que furar esse bloqueio”, ameaçou o cantor.

“E se em 30 dias eles não tirarem aqueles caras [do STF], nós vamos invadir, quebrar tudo e tirar os caras na marra”, acrescentou Sérgio Reis, que depois seria desacreditado por lideranças dos caminhoneiros e choraria em uma entrevista dizendo que nunca quis agredir ninguém.

Otoni, por sua vez, já foi denunciado pela PGR em julho de 2020 por suposta difamação, injúria e coação contra Moraes, que é chamado pelo deputado de “tirano” e “canalha” em um vídeo divulgado nas redes sociais.

O ministro é relator no STF do inquérito que apura o financiamento de atos antidemocráticos e a atuação de milícias digitais ligadas a Bolsonaro para atentar contra a democracia brasileira. Na semana passada, Moraes já havia mandado prender o ex-deputado Roberto Jefferson, aliado do presidente.