Ex-diretor de logística do Ministério da Saúde acusado de pedir propina é preso por mentir na CPI

O presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid, Omar Aziz, deu voz de prisão ao ex-diretor de Logística do Ministério da Saúde, Roberto Ferreira Dias, sob a acusação de mentir durante seu depoimento. “Chame a polícia do Senado. O senhor está detido pela presidência da CPI”, afirmou Aziz, que o acusou de perjúrio.

Este é o primeiro depoente a ser detido pela comissão, após diversas ameaças às testemunhas. A decisão foi tomada depois de Aziz alertar Dias sobre suas declarações à CPI. Ele já havia reclamado que o ex-servidor estava se esquivando das perguntas. “Nós queremos só a verdade. Estou lhe dando fatos que tenho conhecimento e a CPI tem conhecimento, para que Vossa Excelência possa se defender. Senão, sempre vai arrebentar a corda no mais fraco”, disse o senador.

O presidente da CPI ainda ressaltou que estava tentando ajudar Dias. “Estou sendo sincero com você. Agora, Vossa Excelência chegar aqui e dizer que saiu [do Ministério da Saúde], não sabe por quê; lhe tiraram poderes no seu departamento, não sabe por quê; demitiram duas pessoas que trabalhavam diretamente com o senhor, o senhor não sabe por quê”, enfatizou.

A advogada de Dias disse que o pedido é um “absurdo” e que o depoente deu “contribuições valiosíssimas”. Além disso, questionou se seu cliente será mantido como testemunha ou se agora é investigado. Aziz alegou que o ex-diretor de Logística omitiu informações da CPI e elaborou um “dossiê para se proteger”.

Dias foi convocado a dar explicações sobre as acusações de que teria pedido propina de US$ 1 por dose de vacina em negociações e teria pressionado um servidor do ministério a agilizar a aquisição da Covaxin, imunizante produzido na Índia. No entanto, ex-servidor nega as duas acusações.

“A paciência de todo mundo tem limite. Te botaram numa encrenca tão grande, e não foi você que entrou. Alguém te botou nessa encrenca, e você não está querendo falar para a CPI”, enfatizou Aziz. Durante o depoimento, o presidente da CPI também indicou a possibilidade de Dias ter armazenado um conjunto de informações em outro país.

Após a decisão de Aziz, os senadores bateram boca sobre o pedido de prisão. Marcos Rogério, por sua vez, alegou que Aziz está “errando” ao decidir pela prisão e que a CPI já presenciou anteriormente situações de flagrante e de falso testemunho. “Se eu estiver cometendo arbitrariedade, ele tem o direito de entrar com uma ação contra mim”, rebateu Aziz.