Após invasão, Congresso dos Estados Unidos certifica vitória de Biden e Harris

As duas Casas confirmaram os 306 votos do democrata contra 232 do republicano dados pelos Colégio Eleitoral e, com isso, os dois tomam posse no dia 20 de janeiro.

O Congresso dos Estados Unidos certificou e proclamou Joe Biden e Kamala Harris como os novos presidente e vice-presidente do país na madrugada desta quinta-feira (7). As duas Casas confirmaram os 306 votos do democrata contra 232 do republicano dados pelos Colégio Eleitoral e, com isso, os dois tomam posse no dia 20 de janeiro.

A sessão formal do Senado e da Câmara dos Representantes foi retomada por volta das 20h (22h no horário de Brasília) após as forças de segurança expulsarem os apoiadores de Donald Trump que invadiram o Capitólio na tarde desta quarta-feira (06).

Na retomada do encontro, o vice-presidente dos EUA, Mike Pence, que é o responsável por presidir a sessão, estava visivelmente irritado e afirmou que “aqueles que causaram estragos em nosso Capitólio: vocês não ganharam”.

“A violência nunca vence. A liberdade vence. Ao nos reunirmos novamente nesta Casa, o mundo testemunhará novamente a resiliência e a força de nossa democracia. E esta ainda é a casa do povo. Vamos voltar ao trabalho”, disse Pence – que foi pressionado por Trump para reverter unilateralmente o resultado eleitoral.

Já o líder da minoria democrata, o senador Chuck Schumer, fez um duro ataque ao atual presidente, dizendo que não era para ninguém “se enganar” que a invasão ao capitólio “não aconteceu espontaneamente”.

“Este presidente, o 45º presidente da história dos Estados Unidos, carrega grande culpa. Isso é sua responsabilidade, sua vergonha eterna, seu legado. Os eventos de hoje não teriam acontecido sem ele e agora, o dia 6 de janeiro de 2021, será lembrado como um dos dias mais sombrios da história recente desse país”, afirmou.

Votos contestados

Conforme previsto, os republicanos usaram os procedimentos formais para contestar os resultados eleitorais certificados em vários estados. Mas, como é necessário que as duas Casas concordem com as reclamações, os pedidos foram sendo negados um a um.

As contestações sobre os resultados foram analisadas no Arizona, antes da paralisação, e na Pensilvânia – mas ambas foram derrotadas. Já nos outros estados que Trump alegava ter fraude, Wisconsin, Michigan, Geórgia e Nevada, houve apenas pedido de contestação dos senadores, sem o apoio de deputados, e a sessão seguiu normalmente.

Trump admite transição

Impedido de usar o Twitter por 12 horas, Trump se manifestou através de um dos porta-vozes da Casa Branca, Dan Scavino, para dizer que haverá “uma transição ordenada” de poder no dia 20 de janeiro “apesar de eu totalmente não concordar com o resultado da eleição”.

“Eu sempre disse que nós vamos continuar nossa luta para garantir que apenas os votos legais sejam contados. Enquanto isso representa o fim do maior mandato da história presidencial, é só o começo da nossa luta para fazer a América grande de novo”, disse Trump.

Mortos e detidos

A invasão do Capitólio começou após Trump fazer um discurso inflamado, cerca de duas horas antes da sessão do Congresso começar, pedindo para que seus apoiadores “marchassem até o Capitólio para felicitar nossos senadores e congressistas”.

Com o “sinal verde” para ir à sede do poder legislativo do país, manifestantes invadiram o prédio quebrando janelas e vandalizando diversos postos de trabalho de senadores e deputados.

No entanto, a repressão ao protesto não foi violenta (como se viu em protestos do movimento Vidas Negras Importam) e alguns dos manifestantes chegaram a ser acompanhados pelos agentes para fora do local.

Segundo informações da imprensa norte-americana, quatro pessoas morreram na invasão – uma mulher já foi identificada como uma das invasoras do prédio, e os outros três (uma mulher e dois homens) não foram identificados ainda.

Outras 52 pessoas foram presas e 14 membros da segurança do Capitólio ficaram feridos.