Reino Unido aprova uso de vacina da Pfizer/BioNTech

Já o Brasil praticamente descartou o imunizante, segundo um documento do Ministério da Saúde, por conta da necessidade de refrigeração a -70ºC.

O Reino Unido aprovou nesta quarta-feira (02) a vacina contra o coronavírus Sars-CoV-2 desenvolvida pela farmacêutica norte-americana Pfizer e pelo laboratório alemão BioNTech e pretende iniciar a vacinação já na próxima semana, informou o ministro da Saúde, Matt Hancock.

A liberação foi dada pela Agência Reguladora de Medicamentos e Produtos de Saúde (MHRA, na sigla em inglês). Com isso, os britânicos foram os primeiros no mundo a aprovarem a BNT 162b para uso na população – a União Europeia e os Estados Unidos ainda estão analisando os dados preliminares dos resultados da fase 3 de testes clínicos.

Já o Brasil praticamente descartou o imunizante, segundo um documento do Ministério da Saúde, por conta do já conhecido problema de refrigeração – que precisa ficar em -70ºC – fora do padrão atual. No entanto, os europeus em geral e os norte-americanos estão produzindo refrigeradores capazes de atingir as temperaturas necessárias.

“É fantástico que o MHRA autorizou formalmente a vacina contra a Covid-19 da Pfizer/BioNTech. A vacinação vai estar disponível por todo o Reino Unido a partir da próxima semana. É a proteção das vacinas que vai finalmente nos permitir retomar nossas vidas e mover a economia de novo”, escreveu em duas mensagens no Twitter o premiê britânico, Boris Johnson.

A chefe da MHRA, June Raine, informou que a aprovação do imunizante foi feita “sem tomar atalhos” e que a “segurança coletiva vem sempre à frente de tudo”. “Foi feita a mais rigorosa avaliação científica de cada dado recebido”, disse ainda Raine. De qualquer maneira, essa é a vacina mais rápida aprovada no mundo ocidental.

O CEO da Pfizer, Albert Bourla, afirmou que a aprovação do Reino Unido é um “momento histórico na luta contra a Covid-19” e que prevê que a BNT 162b receberá autorizações similares pelo mundo “nos próximos dias e semanas”.

Apesar dos britânicos serem os primeiros ocidentais a autorizarem a imunização, vacinas contra a Covid-19 já vem sendo usadas na população na Rússia, com a Sputinik V do Instituto Gamaleya de Pesquisa em Epidemiologia e Microbiologia, e na China, com duas imunizações desenvolvidas pela Sinopharm. Nos dois casos, os imunizantes são usados em profissionais que estão na linha de frente do combate ao novo coronavírus e em pessoas que precisam viajar para fora de seus países.

Plano de vacinação

O Reino Unido terá inicialmente 800 mil doses da BNT 162b, desenvolvida com uma tecnologia inovadora do RNA mensageiro (mRNA), em número que deve subir para 10 milhões até o fim de dezembro. A ideia é ter 40 milhões de doses ainda no primeiro trimestre de 2021 – e as demais doses previstas em contrato, 360 milhões, serão entregues em quantidades não anunciadas mensalmente.

O responsável pela vacinação será o Serviço Sanitário Nacional (NHS), que é uma espécie de sistema público de saúde, e o plano prevê o início da vacinação já no fim de semana.

Segundo o Ministério da Saúde, cerca de 50 hospitais estão em “stand by” para a operação que se anuncia gigantesca, enquanto uma rede de centros de especialidades de vacinação está praticamente definida, em locais que terão salas remodeladas para atender a grande quantidade de pessoas que necessitarão da vacina.

A distribuição será iniciada pelos grupos considerados os mais importantes da linha de frente do combate à doença ou de maior risco: idosos internados em casas de repouso e asilos, em demais estruturas sanitárias e para aqueles que trabalham em serviços sociais de atendimento médico. Os primeiros a receberem as doses serão contatados por telefone pelo NHS.

A conservação e o transportes do imunizante na temperatura correta terá também o auxílio logístico e de locomoção das forças armadas britânicas, que já atuam na construção de centros de atendimento emergenciais e na realização dos testes para detectar a doença.