Secretaria da Agricultura aumenta vigilância sobre nuvem de gafanhotos

O calor pode favorecer a entrada da nuvem de gafanhotos no Rio Grande do Sul. Ontem, o Paraguai identificou uma nova leva de animais  da espécie <em>Schistocerca cancellata</em>, (também chamada de gafanhoto migratório sul-americano).

Com as temperaturas mais altas no Rio Grande do Sul, fiscais agropecuários da Seapdr (Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural) aumentam a vigilância sobre a possível entrada da nuvem de gafanhotos vinda da Argentina. Ontem, o Paraguai identificou uma nova leva de animais  da espécie Schistocerca cancellata, (também chamada de gafanhoto migratório sul-americano).

Os fiscais estão em alerta em municípios da Fronteira Oeste e Noroeste do Estado. “Com essa condição climática, precisamos estar preparados”, ressaltou o chefe da Divisão de Defesa Sanitária Vegetal da Seapdr, Ricardo Felicetti. O engenheiro agrônomo destaca a preocupação com a nuvem de gafanhotos que está em Corrientes, na Argentina, a 130 quilômetros do município gaúcho de Barra do Quaraí.

“Com a elevação das temperaturas neste final de semana, estamos apreensivos, mas preparados para o caso de uma eventual ocorrência da praga em território gaúcho. Temos um plano operacional de emergência.”

Felicetti afirma que os produtores rurais devem ficar atentos aos possíveis surtos dos insetos. “E comunicar sua presença imediatamente à inspetoria de defesa agropecuária da Seapdr, ou ao escritório municipal da Emater/RS-Ascar mais próximo.”

Nuvem no Paraguai

No Brasil, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento confirmou ter recebido dos técnicos paraguaios informações sobre a segunda nuvem de gafanhotos. Conforme a pasta, há monitoramento da situação. E que, no momento, não há como prever o comportamento dos animais, pois isto depende de uma série de fatores climáticos.

Explosão demográfica

Embora o surgimento de nuvens de gafanhotos tenha voltado a ganhar destaque quando a situação na Argentina ameaçava transpor as fronteiras do Brasil e do Uruguai, o fenômeno é antigo na região. Segundo o Senasa, há muito tempo os argentinos convivem com um espantoso número de gafanhotos migratórios sul-americanos. Durante a primeira metade do século XX, a espécie “foi a praga mais prejudicial” para o setor agropecuário do país. Os gafanhotos causaram “significativas perdas econômicas em cultivos e campos naturais de amplas regiões” do país.

Mesmo com este histórico, em 2017, especialistas se surpreenderam com o que classificaram como uma nova “explosão demográfica dos gafanhotos”. O que motivou a aprovação do Protocolo Interinstitucional de Gestão de Informações – o que não impediu que, dois anos depois, a Argentina tivesse que decretar emergência regional frente aos milhares de insetos provenientes do Paraguai.

Na quinta-feira, a Senasa informou que continua acompanhando milhares de animais que faziam parte da nuvem que se formou em junho e que, agora, estão agrupados próximos à cidade de Curuzú Cuatiá,  a cerca de 100 km de Uruguaiana. De acordo com o órgão, os gafanhotos estão em uma área de difícil acesso e, nos últimos dias, têm se deslocado pouco, devido às baixas temperaturas.