Santa Casa lança 1ª ferramenta do mundo que detecta prescrições fora do padrão

Esta é a primeira de uma série de soluções que serão criadas pelo Instituto de Inteligência Artificial na Saúde em parceria com a Santa Casa.

A Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre, por meio de seu Centro de Inovação, em parceria com a NoHarm.ai, desenvolveu dois algoritmos de automação para triagem farmacêutica.

As duas inteligências trabalham em conjunto, enquanto a primeira prioriza as prescrições mais críticas, a segundo indica potenciais erros da prescrição. “Levando em consideração os resultados dos exames do paciente, o que aumenta a qualidade assistencial e a eficiência hospitalar.”

O projeto-piloto da NoHarm teve início em abril no Hospital São Francisco da Santa Casa e, em apenas 45 dias, foi possível validar com a equipe farmacêutica o produto mínimo viável.

“O engajamento da equipe da farmácia, sugerindo melhorias, e a agilidade de resposta da equipe da NoHarm.ai foram os diferenciais para o sucesso da ferramenta”, avalia o coordenador do Centro de Inovação da Santa Casa Diego Ramires.

Esta é a primeira de uma série de soluções que serão criadas pelo Instituto de Inteligência Artificial na Saúde em parceria com a Santa Casa. Ela tem como foco a criação de sistemas inteligentes voltados para a segurança dos pacientes usuários do SUS.

“Nossa principal missão é oferecer saúde de qualidade e com segurança aos que mais necessitam, e a NoHarm.ai veio para somar à excelência assistencial já tradicionalmente desempenhada pela Santa Casa”, ressalta o diretor médico da Santa Casa Antônio Kalil.

Sem dano

O nome NoHarm, que em inglês quer dizer “sem dano”, faz referência ao fato de a ferramenta ajudar na prevenção de danos aos pacientes a partir de prescrições de medicamentos fora do padrão.

Desde a sua implantação, a NoHarm.ai tem possibilitado muitos benefícios para Farmácia Clínica da instituição. “Através dela, utilizamos a inteligência artificial para validação de 100% das prescrições de medicamentos antes da dispensação, otimizando as atividades práticas e clínicas presenciais do farmacêutico – as quais são extremamente importantes – como participação em rounds multidisciplinares e a preparação da alta do paciente”, explicou Shirley Keller, coordenadora farmacêutica da Santa Casa.

A expectativa, de acordo com Shirley, é de que o uso de tecnologias no processo de medicação possam contribuir para a maior segurança e efetividade na cadeia medicamentosa tanto para pacientes, quanto para os profissionais e instituição.

Atualmente em uso nos hospitais São Francisco e Santa Clara, ambos da Santa Casa, a NoHarm já avaliou 8 mil prescrições, impactando na vida de mais de 1.300 pacientes internados.

Além disso, a tecnologia já demonstra sua importância para o aumento da qualidade assistencial e da produtividade dos colaboradores envolvidos no processo de prescrição, além de qualificar as informações, sendo este um padrão exigido pela ONA (Organização Nacional da Acreditação).

Medicamentos

A tecnologia alerta para possíveis prescrições de medicamentos fora do padrão e sinaliza resultados dos exames fora dos valores de referência. Adicionalmente, a NoHarm.ai indica potenciais erros relacionados a medicamentos prescritos que impactam a função hepática e renal dos pacientes, que apresentam comorbidades baseado no resultado dos seus exames.

“A Inteligência da NoHarm.ai recebe atualizações constantes, o que permitiu, recentemente, que medicamentos potencialmente inapropriados para idosos também fossem alarmados quando prescritos para esta faixa etária. Gradualmente, possíveis erros relacionados a interação medicamentosa, duplicidade terapêutica e incompatibilidade em Y também acionam alertas específicos”, explica Henrique Dias, fundador da NoHarm.ai.

Não se tem conhecimento, até o momento, da existência de ferramenta similar a esta, o que tornaria a NoHarm a primeira solução do mundo com esta finalidade.

Sendo assim, a Santa Casa de Porto Alegre mais uma vez inova em seus processos assistenciais através de uma iniciativa que beneficiará milhares de pacientes que internam, a cada ano, em seus hospitais.

A ferramenta vem para somar às atividades desempenhadas pelo corpo clínico do hospital, bem como para ser um complemento do trabalho já desempenhado pela equipe de farmacêuticos.