Celulares apreendidos em presídio serão usados por estudantes

Alunos carentes da rede pública receberão aparelhos para aulas on-line

Uma parceria vai possibilitar que alunos carentes da rede pública de ensino do Litoral Norte consigam acompanhar aulas on-line e estudar durante a pandemia. O MP (Ministério Público) destinará a estudantes 120 telefones celulares apreendidos na Penitenciária Modulada Estadual de Osório.

A restauração dos aparelhos – para não restar qualquer resquício do uso anterior na memória de dados – começou na sexta-feira (24) e ficou a cargo do projeto social Dejone Rambor, associação de Tramandaí que dá aulas de jiu-jitsu para crianças carentes. A parceria prevê investimento de mais de R$ 5 mil para reparos nos celulares e compra de chips de internet.

A estimativa é de que, em duas semanas, os aparelhos estejam prontos para serem entregues. Alunos de escolas públicas de Osório, Maquiné e Tramandaí serão contemplados com celulares e carregador de bateria. Para recebimento, as famílias deverão assinar um termo de compromisso para contribuir com o ensino e o aprendizado.

O projeto Alquimia II foi desenvolvido pelos promotores de Justiça Criminal e Regional de Educação de Osório, Fernando Andrade Alves e Cristiane Della Méa Corrales, respectivamente, em parceria com Polícia Civil, Poder Judiciário e sociedade civil organizada. A verba para o projeto provém da conta de penas alternativas da Vara de Execuções Criminais de Osório.

“O objetivo do projeto é possibilitar que os alunos em situação de vulnerabilidade possam acompanhar as atividades desenvolvidas em ambiente virtual, especialmente durante o período de distanciamento controlado ocasionado pela pandemia do novo coronavírus. São smartphones sem interesse criminalístico”, explica o promotor Fernando Andrade Alves.

O Ministério Público do Litoral Norte do RS espera estender o projeto para outros municípios e servir de incentivo para iniciativas semelhantes em outras regiões. O nome da ação, Alquímia II, é inspirado no projeto Alquimia, no qual o MP destina máquinas caça-níqueis apreendidas para serem transformadas em computadores e doadas a escolas.

Celulares apreendidos seriam descartados

Amadeus Junior, diretor da Penitenciária Modulada Estadual de Osório, afirmou que os equipamentos que serão doados seriam descartados pela Polícia Civil após, em condições normais, serem apreendidos. “Esta ação é muito importante, pois visa retirar material utilizado no crime e revertê-lo para o uso da sociedade em uma ação social”, avalia.

O delegado penitenciário da 1ª Região, BenHur Calderon, destacou a atuação dos agentes penitenciários no combate a atividades ilícitas dentro da penitenciária. “Graças ao trabalho minucioso dos agentes que trabalham arduamente nas operações de revistas e de apreensões de ilícitos que dezenas de crianças em situação de vulnerabilidade social serão beneficiadas com a inclusão digital, tão recorrente e necessária em tempos de pandemia, que impõe o distanciamento social”, afirmou.