Segurança Pública transfere 18 líderes de facções para penitenciárias fora do RS

O Rio Grande do Sul fez uma operação de transferência de presos para penitenciárias federais fora do Estado. Chamada de "Império da Lei", a ação realizou o afastamento de 18 detentos

O Rio Grande do Sul fez uma operação de transferência de presos para penitenciárias federais fora do Estado. Chamada de “Império da Lei”, a ação realizou o afastamento de 18 detentos com posição de liderança nas principais organizações criminosas gaúchas.

Ao todo, a ação contou com a participação de 15 instituições das esferas estadual e federal. Mais de 1,3 mil agentes foram empregados na ação. Foram usadas 306 viaturas, 7 aeronaves  – seis helicópteros e um avião – e quatro embarcações.

O nome dos criminosos e o local para onde estão sendo levados é mantido em sigilo pela SSP. Todos os apenados estavam na Pasc (Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas) e da PMEC (Penitenciária Estadual Modulada de Charqueadas).

Ao todo, a cúpula da Segurança Pública gaúcha pediu a transferência de 33 presos. A Justiça, no entanto, deferiu a transferência de 18 deles.

Foto: Rodrigo Ziebell / SSP

Como foi a operação

A operação começou ainda na madrugada e, por volta das 6h da manhã, as transferências começaram. Os presos foram removidos das casas prisionais e colocados em vans. Eles foram levados até o Parque Adhemar de Souza Farias, o Parcão, na área central de Charqueadas.

Depois do trajeto de 4 quilômetros, foram colocados em helicópteros e transportados até a Base Aérea de Canoas. Foram utilizados na ação dois helicópteros do modelo Koala e um Esquilo da BM, outro Esquilo da Polícia Civil, e um Colibri e um Bell 407, da PRF. Com um detento cada, as seis aeronaves fizeram três viagens até a Base Aérea.

O uso de helicópteros foi uma estratégia da Segurança Pública para ganhar tempo e garantir a segurança na condução dos presos. O trajeto por via aérea entre Charqueadas e Canoas é de 10 a 15 minutos. Em um comboio, que teria cerca de 70 viaturas, seria necessário bloquear parcialmente as BR-290 e BR-116. A viagem duraria cerca de uma hora, se não encontrasse congestionamentos.

Após o pouso dos helicópteros na Base Área de Canoas, os detentos eram levados até uma sala reservada a 50 metros do local de embarque para a realização de exames de corpo de delito por médicos do IGP. Posteriormente, foram embarcados em um avião da PF com destino a penitenciárias federais, onde serão mantidos isolados de qualquer contato com outros presos.

Quem são os transferidos

Alexandre dos Santos Teixeira, o Chaves, 42 anos

Com condenações por tráfico de drogas, roubo e extorsão e duas vezes por homicídio qualificado, além de uma tentativa, Chaves acumula 65 anos e nove meses de pena, dos quais já cumpriu 23 anos. O término do cumprimento das sentenças só ocorrerá em outubro de 2062. Atualmente, estava recolhido na Penitenciária Modulada Estadual de Charqueadas (PMEC).

Bruno Fernando Sanhudo Teixeira, o Biboy, 30 anos

Cumpria pena na Cadeia Pública de Porto Alegre (CPPA, antigo Presídio Central). Em agosto de

2017, Biboy foi condenado a 30 anos de reclusão por um duplo homicídio praticado em 2 de julho de 2014, na região conhecida como Beco dos Cafunchos, na Zona Leste da Capital, contra dois homens suspeitos de integrar facção rival, crime pelo qual ele e um comparsa foram presos dois dias depois. Soma penas que estipulam sua permanência na cadeia até fevereiro de 2051.

Cristian dos Santos Ferreira, o Nego Cris, 35 anos

Em 2012, na condição de foragido, foi preso em um sítio na localidade de Morungava, no Interior de Taquara. No local, era mantido um campo de paintball que serviria com uma espécie de área para treinamento de tiro da facção a qual está ligado. Com ele, foram apreendidos veículos, armas e munições. Cumpria pena na Penitenciária Estadual de Porto Alegre (PEPOA). Em novembro de 2017, foi condenado a 20 anos e seis meses de reclusão por um homicídio cometido em 11 de junho de 2012, no qual foi morto um homem que teria uma dívida do tráfico de drogas na região de atuação de Nego Cris. No total de condenações, acumula 38 anos e 10 meses de pena, dos quais já cumpriu cinco anos e quatro meses. Deve permanecer na cadeia até agosto de 2053.

Diogo Dutra Cachoeira, o Sadol, 35 anos

Suas condenações, por roubo, tráfico de drogas e homicídio qualificado, somam 57 anos e seis meses de pena, dos quais já cumpriu seis anos e quatro meses. Em março de 2018, foi condenado a 38 anos de reclusão pela execução de dois homens, cometida em 9 de outubro de 2014, no bairro Itu Sabará. Tem pena a cumprir até abril de 2071. Atualmente, estava recolhido na Penitenciária Modulada Estadual de Charqueadas (PMEC).

Emerson Alex dos Santos Vieira, o Romarinho, 31 anos

Por condenações em cinco processos – porte ilegal de arma, falsificação de documento, tentativa de homicídio qualificado e tráfico de drogas –, soma 24 anos e nove meses em penas. Seu tempo de permanência na cadeia só se encerra em agosto de 2035. Atualmente, estava recolhido na Penitenciária Modulada Estadual de Charqueadas (PMEC).

Giordany Bonocore da Silva, o Jogador, 24 anos

Com condenações por porte ilegal de arma, tráfico de drogas, homicídio qualificado e tentativa de homicídio qualificado, acumula 39 anos e oito meses de pena. O término do cumprimento das sentenças está previsto para março de 2052. Atualmente, Jogador estava recolhido na Penitenciária Estadual de Arroio dos Ratos (PEAR).

Ivan Richetti, o Carreta, 42 anos

Com 19 condenações judiciais – por furto, roubos, tráfico de drogas, receptação e tentativa de homicídio –, tem o segundo maior total em tempo de pena entre os transferidos, com 110 anos e oito meses de prisão, dos quais já cumpriu 17 anos e seis meses. O tempo das sentenças só termina em abril de 2113. Atualmente, estava recolhido na Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (PASC).

Leandro Ribeiro Pereira, o Bazilio, 33 anos

Com uma condenação por tráfico de drogas, tem 11 anos e três meses de pena, dos quais já cumpriu quatro anos e nove meses. Atualmente recolhido na Penitenciária Modulada Estadual de Charqueadas (PMEC).

Liomar Antônio de Oliveira, o Tatinha, 35 anos

Suas condenações, por roubo, homicídio qualificado e tentativa de homicídio qualificado, somam 74 anos e três meses de pena a cumprir, até agosto de 2088. Atualmente, estava recolhido na Cadeia Pública de Porto Alegre (CPPA, antigo Central).

Luis David Amaral de Souza, o Esbile ou Smile, 39 anos

Com duas condenações por homicídio qualificado e tráfico de drogas, Smile acumula 68 anos e quatro meses de pena, dos quais já cumpriu seis anos e sete meses. O tempo de suas sentenças só vai se esgotar em novembro de 2081. Atualmente recolhido na Penitenciária Modulada Estadual de Montenegro (PMEM).

Luiz Fernando de Oliveira Jardim, o Rato, 33 anos

Condenado a 16 anos e cinco meses de prisão por tráfico de drogas, dos quais já cumpriu três anos e 10 meses. Tem data de término do cumprimento da sentença prevista para setembro de 2032. Atualmente, estava recolhido na Cadeia Pública de Porto Alegre (CPPA, antigo Central).

Marcio Fabiano de Carvalho, o Marcio Gordo, 40 anos

Já esteve segregado no Sistema Penitenciário Federal em outras duas oportunidades, mas, ao retornar, reassumiu posição de mando na organização criminosa. Com nove condenações, por roubo, porte ilegal de arma, homicídio qualificado, tráfico de drogas e receptação, acumula 73 anos e cinco meses de pena, dos quais já cumpriu 22 anos e oito meses. O término do cumprimento de reclusão está previsto para novembro de 2070. Estava recolhido na Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (PASC).

Marizan de Freitas, o Maria, 32 anos

Soma 38 anos e três meses de pena, dos quais já cumpriu seis anos e cinco meses, com término do cumprimento previsto para dezembro de 2051. Tem condenações por tráfico de drogas e tentativa de homicídio. Estava recolhido na Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (PASC).

Michel de Souza da Silva, o Michelzinho ou Miuk, 33 anos

Acumula condenações por porte ilegal de arma, roubos, dois homicídios qualificados, tráfico de drogas e organização criminosa, com uma pena total de 65 anos e três meses, dos quais já cumpriu sete anos e cinco meses. A previsão para término do cumprimento das sentenças é dezembro de 2077. Atualmente, estava recolhido na Penitenciária Estadual de Caxias do Sul (PECS).

Rogério Soares, o Véio, 37 anos

Acumula 99 anos e dois meses em penas, dois quais já cumpriu 20 anos e quatro meses. A previsão para término do cumprimento das penas é em setembro de 2078. Ele tem condenações por falsificação de documento, receptação, homicídio qualificado, tentativa de homicídio qualificado, roubo e tráfico de drogas. Véio estava recolhido na Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (PASC).

Tiago Rafael Leges Ferreira, o Tiago Mochilão, 34 anos

Acumula o maior total em tempo de pena entre os transferidos: são 137 anos e 11 meses por 12 condenações. Mesmo já tendo cumprido 10 anos e 10 meses de reclusão, a previsão é de que o esgotamento das sentenças só ocorra em 2147. Tem uma condenação por furto, cinco por tráfico de drogas e seis por roubo. Desde agosto de 2018, estava recolhido na Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (PASC).

Vladimir Cardoso Soares, o Xu, 50 anos

Investigado por homicídios, estava com prisão preventiva decretada e foragido havia mais de um ano quando foi capturado, em agosto do ano passado, em Laguna (SC). Xu foi indiciado por envolvimento no assassinato dos policiais militares Rodrigo da Silva Seixas e Marcelo de Fraga Feijó, ocorrido em 27 de julho de 2019, durante uma ação de patrulhamento no Beco da Bruxinha, próxima à Rua Paulino Azurenha. Atualmente, Xu estava recolhido na Penitenciária Modulada Estadual de Charqueadas (PMEC).

Wagner Wilian Domingues da Cruz, o Vavá, 26 anos

Foi indiciado por envolvimento na morte dos policiais militares Rodrigo da Silva Seixas e Marcelo de Fraga Feijó, ocorrido em 27 de julho de 2019, durante uma ação de patrulhamento no Beco da Bruxinha, próxima à Rua Paulino Azurenha. Estava recolhido na Penitenciária Modulada Estadual de Charqueadas (PMEC).

Pulso Firme em 2017

Essa é a segunda maior operação de transferência de presos para presídios federais da história do Rio Grande do Sul. Em 2017, a Segurança Pública transferiu 27 detentos para as unidades penitenciárias federais de Campo Grande (MS), Porto Velho (RO) e Mossoró (RN).