Carnaval no Rio deve movimentar R$ 2,6 bilhões neste ano

Unidade da Federação com maior expectativa de movimentação financeira neste carnaval, estimada em R$ 2,6 bilhões, o estado do Rio de Janeiro lidera também o ranking nacional de criação de vagas de trabalho no período. Do total de 25,4 mil contratações previstas para todo o Brasil no carnaval, 8,5 mil estão concentradas no estado.

O economista Fabio Bentes, da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), cita estudo da entidade, segundo o qual a arrecadação gerada pelo turismo no carnaval alcança R$ 8 bilhões no país, com aumento de 1% em relação ao resultado do ano passado, já descontada a inflação. “Considerando os últimos dois anos em que tivemos também crescimento no carnaval, este é o terceiro crescimento anual, se confirmada a nossa previsão”, afirmou Bentes.

Ele diz que isso faz com que a receita de 2020 seja a maior dos últimos cinco anos, mas ressaltou que uma expansão de 1% não é motivo para muita comemoração. apesar de ser um indício de que uma atividade que presta serviços não essenciais está conseguindo se recuperar.

Depois do Rio de Janeiro, as maiores arrecadações durante o carnaval são projetadas para os estados de São Paulo, com R$ 1,9 bilhão, e Bahia, com R$ 1,3 bilhão. “O carnaval é o natal do turismo. Já tem a alta temporada do verão, e você tem um apelo maior, por conta do maior feriado do calendário nacional e do que representa o carnaval em termos históricos e culturais”, afirma Bentes.

Para o comércio, porém, o economista diz que o carnaval não é um grande negócio. “Porque, se as famílias vão gastar um pouco mais com serviços, elas deixam de consumir produtos”. Isso não significa, porém, que determinados segmentos do comércio deixem de tirar proveito também do carnaval, como vestuário, supermercados.

O economista destaca que, na maioria das atividades do comércio, particularmente móveis, eletrodomésticos, automotivo, o carnaval não tem muito impacto. “O impacto, até historicamente, costuma ser negativo devido ao feriado, ao mês mais curto”. Bentes acrescenta que, do ponto de vista do comércio, há produtos que saem mais no carnaval. “Mas, olhando o comércio como atividade econômica de forma mais ampla, o impacto não é positivo, não. Porque o consumidor acaba alocando a renda com serviços turísticos.”

Emprego

De acordo com o economista, o emprego é outro ponto importante do carnaval. As maiores contratações formais são esperadas nas atividades de hospedagem, bares, restaurantes, transporte aéreo e rodoviário.

Bentes afirmou que, se for confirmada a expectativa da CNC de geração de 25,4 mil vagas formais no Brasil, este será o melhor resultado desde 2014, que foi  “um ponto fora da curva”. Em 2014, o setor de turismo empregou no período de carnaval mais de 55 mil pessoas e estendeu os contratos temporários por mais três meses, visando à Copa do Mundo, que ocorreu em junho.

Ele acrescentou que alguns fatores vão impulsionar o crescimento do carnaval vai crescer pelo terceiro ano consecutivo. O primeiro é o dólar alto, que Bentes considera ótimo para o turismo, porque inibe as viagens internacionais e mostra que o Brasil é um destino mais barato.

O economista destacou que, ao acompanhar cerca de 30 bens ou serviços mais demandados nessa época do ano, a CNC verificou que a inflação deles nos últimos 12 meses está em 4,2%, menor taxa de variação desses itens desde 2007. “Você tem um efeito de preço interno favorável e os preços dolarizados direcionando o gasto das famílias mais para o turismo interno.”

Município do Rio

Na capital, o presidente do Clube dos Diretores Lojistas (CDL Rio), Aldo Gonçalves, afirmou que a situação negativa do comércio impede contratações no carnaval. “Ninguém está contratando para o carnaval. É um período curto, e ninguém está conseguindo contratar.”

Gonçalves explicou que, no carnaval, as vendas concentram-se em alguns artigos. “As pessoas não vão comprar geladeira, fogão ou vestido novo.” Elas buscam artigos mais ligados ao carnaval, como bermudas, camisetas, sandálias, chinelos, adereços. “Os artigos mais esportivos são o forte do Rio por conta dos blocos de rua. São mais de 500 blocos.”

De qualquer forma, o CDL Rio projeta aumento de faturamento de 1,5% a 2% em relação ao carnaval do ano passado,. “Não vai aquecer mais do que isso, porque nós temos um histórico do ano ruim”. Aldo Gonçalves citou, entre outros problemas enfrentados pelo comércio no município o desemprego, a questão da segurança e a desordem urbana. “Os camelôs prejudicam muito o comércio formal”, afirmou.