Defesa Civil de Porto Alegre monitora risco de cheia no Guaíba

Conforme o órgão, no ponto de medição do Cais Mauá, no Centro da cidade, as águas atingiram 1,68 metro, nesta quinta-feira (31).

A Defesa Civil de Porto Alegre está monitorando o nível do Guaíba na Capital pela possibilidade de cheia. Conforme o órgão, no ponto de medição do Cais Mauá, no Centro da cidade, as águas atingiram 1,68 metro, nesta quinta-feira (31).

A cota de transbordamento do Guaíba é de 3,0 metros. De acordo com a Defesa Civil, a condição atual é de atenção. Há possibilidade de emissão de alerta em função das águas que escoarão para o Guaíba vindas do rios Jacuí, Taquari, Sinos e Gravataí.

“Os rios que contribuem para elevação do Guaíba apresentam níveis acima do normal e, especialmente, o Jacuí apresenta grande elevação que, ao escoar, pode causar alagamentos e inundações na cidade, sobretudo no arquipélago que reúne a Ilha das Flores, do Pavão, da Pintada, Ilha Grande dos Marinheiros e Mauá”, explica o diretor-geral da Defesa Civil, Evaldo Rodrigues.

Segundo a Defesa Civil, há previsão de retorno das chuvas no sábado. As precipitações poderão agravar a situação se somadas a outros fatores como direção do vento Sul.

Histórico

A crescida das águas no Guaíba não são novidade para esta época do ano. Desde 2015 para cá, o Agora no RS anotou três cheias, nos anos de 2015, 2016 e 2017.

No ano de 2015 – o primeiro do Agora no RS – houve o registro histórico da terceira maior cheia do Guaíba desde o ano de 1941. Segundo a medição oficial da SPH (Secretaria de Portos e Hidrovias), à época, a água no Cais Mauá alcançou os 2,94 metros no dia 17.out.2019.

A situação foi tão extrema que, por motivo de precaução, a Prefeitura de Porto Alegre decidiu fechar emergencialmente 13 das 14 comportas do Cais do Porto da Capital. A 14ª, a do Cais Mauá, foi fechada no dia seguinte.

Em 2016, o Guaíba bateu um recorde de 1984, quando foi registrada enchente de 2,65 metros no Centro. E, nove meses depois, mais elevação das águas. O nível do Guaíba, no Cais Mauá, atingiu 2,42 metros no dia 9.jun.2017.

As maiores cheias da Capital

Embora haja controvérsias em números, Porto Alegre teve várias episódios de enchentes nos últimos 100 anos. Em setembro de 1967, a medição oficial é que as águas atingiram 3,13 metros na régua da SPH. Já a Prefeitura tem registro de 2,9 metros.

Mas, em 1941, Porto Alegre teve 25% da população afetada pelo Guaíba. A medição oficial da SPH é que o Guaíba chegou aos 4,75 metros no Cais Mauá. Já a Prefeitura, por meio do Metroclima, tem anotação de 4,76 metros.

Conforme os registros oficiais, foram incríveis 791 milímetros de precipitação em 22 dias entre abril e maio. Cerca de 70 mil pessoas, um quarto da população da cidade na época, ficou sem energia elétrica e água potável.

Prédios ícones da cidade, como Mercado Público, Edifício Guaspari e MARGS (Museu de Arte do Rio Grande do Sul), entre outros, ficaram debaixo d’água. O Aeroporto São João, atual Salgado Filho, também ficou submerso.

Por conta da enchente, o DNOS (Departamento Nacional de Obras e Saneamento), extinto em 1990, construiu as comportas e o Muro da Mauá para proteger a cidade de grandes inundações. As obras começaram em 1971 e foram concluídas em 1974.

Mercado Público submerso na cheia de 1941. Foto: Acervo do Museu Joaquim José Felizardo
Mercado Público (ao fundo) e Edifício Guaspari submersos na cheia de 1941. Foto: Acervo do Museu Joaquim José Felizardo