Para onde vai o Uruguai após a Copa América?

Além de serem bicampeões da Copa do Mundo, a “Celeste Olímpica” é também a maior colecionadora de Copa Américas da história com 15 troféus.

O Uruguai, país bem menor que o Brasil em dimensão e população, sempre surpreenderá os estudantes do futebol com a sua capacidade de gerar tantas glórias no esporte apesar de suas limitações. Além de serem bicampeões da Copa do Mundo, a “Celeste Olímpica” é também a maior colecionadora de Copa Américas da história com 15 troféus.

Talvez o segredo do Uruguai em sua capacidade de sempre se manter relevante no futebol seja não só a eficiência que advém de ser um país menor e assim mais integrado que seus vizinhos Brasil e Argentina. Além disso, no lado tático até mesmo um técnico de 72 anos como Óscar Tabárez demonstra estar muito atualizado quanto às experiências que tem dado certo lá fora. Bem diferente até mesmo de técnicos considerados novos em terras brasileiras, que costumam torcer o nariz quando veem qualquer sinal de “ameaça” por meio da entrada de técnicos estrangeiros e/ou mais atualizados no nosso mercado.

A Copa América, na linha da Copa do Mundo da Rússia onde o Uruguai só foi eliminado da competição pela eventual campeã França, foi mais uma demonstração desse surpreendente sucesso. Mesmo que não ouçamos mais os nomes de novidades saindo do Uruguai como foi o caso do defensor Diego Godín, e dos atacantes Luis Suárez e Edinson Cavani, a seleção uruguaia se mostrou como potencial competidora ao título continental disputado no Brasil.

Mas no campo, o Uruguai não teve lá tanta sorte. Foram eliminados nos pênaltis pelo Peru, que chegou às finais contra o Brasil em uma campanha que só pode ser descrita como heroica. E a eliminação veio em circunstâncias complicadas, com Suárez errando o pênalti que tirou seu país da Copa América – e sendo levado ao choro pelo fato.

Só que a hora agora é de se focar nas eliminatórias da Copa do Mundo de 2022, onde os palpites futebol da Betfair indicam que o Uruguai é tão somente o décimo-terceiro favorito ao título. O que parece ser uma avaliação mais do que justa, considerando o que pode acontecer – e o que não deve acontecer também – entre esses três anos.

Discorrendo sobre o primeiro, temos que considerar que tanto Suárez quanto Cavani estão hoje com 32 anos de idade. Atacantes no futebol costumam atingir seu pico de forma física entre os 27 e 29 anos, e este foi claramente o caso de ambos na análise de gols marcados por ambos a nível de clube e também de seleção.

Já na última temporada europeia, ambos começaram a apresentar sinais de declínio. Suárez que chegou a marcar 59 gols em 53 jogos pelo Barcelona durante a temporada 2015-16, encontrou a rede “apenas” em 25 ocasiões durante 49 partidas. Enquanto que Cavani, que atingiu sua melhor marca um ano após Suárez com 49 gols em 50 jogos, viu seu retorno no Paris Saint-Germain cair para 23 tentos em 33 aparições.

Dificilmente os dois chegarão à próxima Copa do Mundo ainda no nível de jogadores no topo da “cadeia alimentar” futebolística. E não seria difícil imaginar uma situação onde um, ou ambos, se aposentem do futebol por quaisquer motivos.

Enquanto isso, os prospectos a substitutos de ambos os craques não parecem estar no mesmo nível destes talentos. O atacante Maximiliano Gómez, que atuou no time espanhol Celta de Vigo no último ano, marcou 13 gols em 34 jogos na temporada. Em sua carreira até aqui, o jogador de 22 anos registrou 62 gols em 139 partidas. Destes, apenas 2 gols foram pela seleção uruguaia (em 12 jogos).

Neste cenário, as esperanças da seleção uruguaia são de torcer para que um novo talento apareça até a Copa do Qatar, ou que os talentos de defesa e de meio-campo – nenhum destes conhecidos por serem artilheiros, mesmo para padrões de jogadores fora de posições de ataque – consigam compensar essas lacunas. Caso contrário, dificilmente veremos um Uruguai forte o bastante para continuar a superar as expectativas daqueles mais desatentos ao que ocorre em nossos vizinhos.