Bunge e BP anunciam criação de empresa de bioenergia no Brasil

Bunge e BP criam empresa de bioenergia no Brasil

A petroleira britânica BP formará uma joint venture 50:50 com a Bunge no Brasil. A parceria, prevista para o quarto trimestre deste ano, criará a BP Bunge Bioenergia, companhia líder em bioenergia. A participação da BP no novo empreendimento aumentará os negócios de biocombustíveis existentes da empresa em mais de 50%.

O etanol produzido a partir da cana-de-açúcar é um dos biocombustíveis mais eficientes em termos de emissões de carbono disponíveis globalmente, emitindo cerca de 70% menos gases de efeito estufa em seu ciclo de vida em relação aos combustíveis de transporte convencionais à base de hidrocarbonetos.

O Brasil é o segundo maior e mais integrado mercado mundial de etanol como combustível de transporte, com previsão de rápido crescimento da demanda. A maioria dos veículos no país – cerca de 70% – já é capaz de rodar com etanol, e a demanda do país pelo biocombustível deve crescer cerca de 70% até 2030.

Os ativos da BP e da Bunge são amplamente complementares, com unidades em cinco estados brasileiros, incluindo três na região-chave de São Paulo.

Em 2018, os dois negócios produziram um total de 2,2 bilhões de litros de etanol equivalente e, depois de fornecer eletricidade para suas unidades, ainda exportaram 1.200 gigawatt-hora de bioeletricidade de baixo carbono para a rede nacional. Juntas, as duas companhias empregam, atualmente, mais de 10 mil pessoas no Brasil.

O negócio combinado se tornará o segundo maior player da indústria de etanol de cana-de-açúcar no Brasil, em capacidade de moagem.

De acordo com o contrato, a BP e a Bunge contribuirão seus negócios existentes no Brasil em biocombustíveis, bioeletricidade e açúcar para formar uma nova joint venture autônoma, com participação acionária dividida igualmente entre ambas.

Na conclusão, a BP pagará à Bunge US$ 75 milhões, sujeito a condições habituais de fechamento, e a joint venture assumirá US$ 700 milhões de dívidas provindas dos ativos da Bunge.

Ainda sujeito ao cumprimento de condições contratuais e à obtenção das autorizações necessárias pelas agências reguladoras, espera-se que o acordo seja concluído no quarto trimestre de 2019. Até lá, cada empresa continuará atuando de forma isolada e independente.

Após a conclusão, o objetivo é que a BP Bunge Bioenergia gere sinergias operacionais e financeiras significativas, por meio de eficiências de escala e aplicação das melhores práticas, tecnologias otimizadas e capacidades operacionais em todos os ativos do novo negócio.

Estrutura

A nova companhia deverá ter sede em São Paulo. Mario Lindenhayn, da BP, será Executive Chairman, Geovane Consul, da Bunge, Chief Executive Officer, e Marcus Schlosser, da BP, Chief Finance Officer. BP e Bunge terão igual representação no conselho de administração.

Em 2018, a produção brasileira de etanol foi de cerca de 26 bilhões de litros, quase inteiramente a partir da cana-de-açúcar cultivada no país. O governo brasileiro está implementando uma nova política de redução de emissões no setor de transportes, o RenovaBio, que irá estabelecer o primeiro mercado regulado de créditos de carbono do país. Com o Renovabio, espera-se um crescimento acelerado do mercado, apoiando o desenvolvimento da indústria de etanol de cana-de-açúcar.