Restauração do Margs garante recursos federais

O Museu de Arte do Rio Grande do Sul (Margs) foi agraciado com verba de R$ 5,6 milhões, destinados à reforma da parte superior do prédio e a melhorias no sistema de climatização. Aguardada há anos, a liberação do recurso para  restauração do Margs foi publicada no Diário Oficial da terça-feira (18).

Por tratar-se de uma construção histórica, tombada em âmbito estadual e federal, o prédio necessita de manutenção e reformas que garantam a preservação do patrimônio e a adequação às normas museológicas.

A verba anunciada provém de repasse federal, por meio do Fundo de Defesa dos Direitos Difusos do Ministério da Justiça. O valor garantirá a execução de projeto de restauro originado em 2013 e apresentado em 2015.

A concretização do repasse é resultado do esforço contínuo e permanente do Margs e da Secretaria da Cultura para a recuperação e preservação do museu. O projeto de restauração – que visa melhorias na cobertura do prédio, nos seus quatro torreões e no sistema de climatização interno – ainda aguardava a liberação de verbas para sua implementação.

Restauração do Margs

Nos próximos meses, será iniciado o processo licitatório por parte do Estado para a escolha da empresa que realizará a restauração do Margs, cujas obras devem durar cerca de seis meses, conforme estimativa inicial. O projeto, agora, deverá passar por readequações e reavaliações. Os prazos tanto da licitação quanto da reforma somente poderão ser melhor previstos no decorrer desse processo.

Preservação de obras de arte

Os trabalhos vão ser supervisionados pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado (Iphae). Com a confirmação dos recursos, a secretária da Cultura, Beatriz Araujo, manifesta-se com entusiasmo:

“A existência de um projeto já aprovado pelo Iphan também foi determinante. Por isso, estamos trabalhando muito para termos projetos atualizados de todas as instituições da Secretaria da Cultura”, afirmou.

Desenvolvido por uma equipe de técnicos especializados em engenharia e arquitetura, o projeto de reforma prevê a troca de piso no terraço do prédio, juntamente a obras nos quatro torreões. Além de serem utilizados pelo Núcleo de Conservação e Restauro do museu e para a realização de oficinas, cursos e outras atividades, os torreões abrigam parte da reserva técnica do acervo artístico do museu, que em sua totalidade conta com mais de 5 mil obras.

O projeto ainda prevê a substituição do sistema de climatização interno do museu, cujo funcionamento e capacidade de operação são vitais para garantir as condições técnicas de preservação das obras de arte sob guarda da instituição, bem como para receber obras de outros acervos e instituições.

“A execução do projeto consiste em um restauro que oferecerá condições de manutenção e preservação da estrutura predial do museu, cuja construção histórica remonta à década de 1910. Com a reforma do terraço, estaremos evitando futuras infiltrações ou danos estruturais que poderiam vulnerabilizar inclusive os espaços expositivos no ambiente interno do museu”, disse Francisco Dalcol, diretor-curador do Margs.

Prédio centenário

Situado no Centro Histórico de Porto Alegre, na Praça da Alfândega, o prédio do Margs foi erguido entre 1913 e 1916. O imponente edifício, de quase 5 mil metros quadrados, foi encomendado à firma do engenheiro Rodolfo Arhons, com projeto do arquiteto alemão Theo Wiederspahn, tendo sido tombado em 1981.

Três anos mais tarde, a Subsecretaria de Cultura do Estado o reconheceu como de interesse público por seu valor históricoarquitetônico. Passou, então, a integrar o patrimônio cultural do Rio Grande do Sul.

Em 1985, foi contemplado com o tombamento definitivo em nível estadual. O Margs funciona no local desde 1978. Entre o fim de 1996 e início de 1998, o prédio passou por um profundo trabalho de reforma, motivado pelo seu estado de deterioração.

O museu tem como principal finalidade colecionar, catalogar, documentar, guardar, conservar, restaurar e exibir os seus acervos documental e artístico, a fim de desenvolver exposições e atividades que proporcionem aos públicos experiências enriquecedoras, além de gerar produção de conhecimento e difusão de conteúdos.

Além de integrar a estrutura da Secretaria da Cultura, o Margs se mantém graças a esforços da Associação dos Amigos do Museu de Arte do Rio Grande do Sul (AAMARGS), instituição sem fins lucrativos que tem como objetivo dar sustentabilidade aos trabalhos do museu.

O Margs tem um acervo de mais de 5 mil itens, que guarda obras datadas desde a primeira metade do século 19 até os dias atuais, abrangendo diferentes linguagens das artes visuais, como pintura, escultura, gravura, cerâmica, desenho, arte têxtil, fotografia, instalação, performance, arte digital e design, entre outros.