Porto Alegre ganha primeira moradia assistida voltada a deficientes intelectuais

O Residencial Conviver Lecy Mello abre oficialmente as portas nesta sexta-feira (17), no bairro Rio Branco, para atender deficientes intelectuais maiores de 18 anos. A casa oferece moradia assistida, hospedagem e oficinas diárias de desenvolvimento e socialização. O objetivo da moradia para pessoas especiais é priorizar a construção da autonomia em atividades rotineiras, além de inseri-las socialmente, na falta de pais ou familiares.

A moradia protegida caracteriza-se por não se enquadrar nem na categoria de clínica, nem de geriatria. “Ela é uma casa onde pessoas adultas com deficiência possam morar e ser felizes! Gosto de dizer que é um local onde o afeto e a eficiência estão à frente de qualquer deficiência”, define a educadora Ângela Godinho, administradora do Residencial e com ampla experiência em escolas especiais e grupos de convivência voltados para este público.

De acordo com a professora, o pioneirismo da casa vem ao encontro da necessidade de muitas famílias, cujos pais não estão mais presentes ou não apresentam mais condições de cuidado, em função da idade ou, ainda, na falta de familiares próximos que se responsabilizem por essas pessoas. “Sempre olhava para o para o futuro, e o que via, me deixava angustiada. É uma alegria muito grande ver a concretização deste sonho”, conta Ângela.
Resultado de uma rede de pessoas ligadas à causa, o Residencial Conviver, embora fosse um sonho antigo de pais de deficientes, só foi possível a partir de uma resolução municipal (03/2013), publicada em acordo com a legislação estadual e federal.

O que a casa oferece

O local oferece residência com cuidadores 24 horas e supervisão psicológica, além de hospedagem e day care. Uma equipe de arte educadoras e psicopedagogas também desenvolve oficinas diárias tanto para os moradores e hóspedes, como para usuários do serviço de day care, nas áreas de horta/jardinagem, culinária, artesanato, leitura e desenho, entre outras.

A história do Residencial

O Residencial Conviver Lecy Mello abriu suas portas em 2018, mas nasceu há décadas. Os pais Maildes e Lecy sonhavam com a criação de um espaço de convivência, crescimento e, sobretudo, segurança para aqueles que, como o filho, corressem o risco de ficarem desassistidos na falta dos pais.

Aquele sonho, porém, se tornou realidade quando incorporado por toda a família e, a partir do encontro com outras pessoas, que, com a mesma intensidade, queriam segurança e dias alegres para os seus. O sonho tomou forma com a experiência trazida pela professora Ângela Godinho, cujo trabalho sempre teve como foco o acolhimento com inclusão e socialização. O projeto também ganhou a adesão de outros familiares e profissionais das áreas de Educação, Artes, Nutrição e Psicologia, todos ligados à causa.

A rede de especialistas forjou a parceria necessária para que o Residencial prosperasse, para que pessoas adultas com deficiência pudessem morar e ser felizes em um local onde o afeto e a eficiência estivessem à frente de qualquer deficiência.

“Para nós, o ano de 2018 comprovou o ditado que diz ‘Quando se sonha sozinho é apenas um sonho. Quando se sonha juntos é o começo da realidade’”, diz Ângela.