Internet e editoras independentes impulsionam crescimento das HQ's

O destaque de trabalhos como os de João Pinheiro e Sirlene Barbosa, Marcello Quintanilha e Marcelo D'Salete faz parte de um cenário que a Câmara Brasileira do Livro (CBL) comemora: o crescimento da visibilidade dos quadrinhos brasileiros no exterior....

O destaque de trabalhos como os de João Pinheiro e Sirlene Barbosa, Marcello Quintanilha e Marcelo D’Salete faz parte de um cenário que a Câmara Brasileira do Livro (CBL) comemora: o crescimento da visibilidade dos quadrinhos brasileiros no exterior. Gerente de relações internacionais da CBL, Fernanda Dantas, relaciona o crescimento do mercado nacional de quadrinhos à internet e ao surgimento de editoras independentes.

Ela avalia que a qualidade dos artistas brasileiros chama atenção em mercados tradicionais de quadrinhos. “A diversidade e riqueza dos desenhos e do traço brasileiro são muito reconhecidas e admiradas no exterior, além da qualidade da narrativa e conteúdo regionalista”.

Para Fernanda, “no exterior, o maior destaque são as graphic novels com narrativas do cotidiano brasileiro, particularidades da nossa realidade. A cultura brasileira e suas peculiaridades sempre despertou interesse internacional, não apenas nas HQs. Já o mercado brasileiro consome primordialmente as HQs de super-heróis. O consumo de graphic novels vem crescendo, mas o mercado interno consumidor de HQ, comparado com o resto do mundo, ainda é bastante pequeno e jovem”.

O termo graphic novels (romances gráficos, em inglês) a que a gerente se refere trata de histórias em quadrinhos de maior fôlego, como o livro Angola Janga, de 432 páginas, de Marcelo D’Salete. Segundo D’Salete, o crescimento do mercado passa por superar o senso comum que relaciona os quadrinhos exclusivamente ao público infantil.

“É importante tratar as histórias em quadrinhos como uma produção que dialoga com vários públicos para além do infantil e está cada vez mais trazendo temas complexos para falar com o público adulto”.

Reprodução da capa e de uma página da HQ  Anita Garibaldi: o nascimento de uma heroína, na tradução para o italiano.

Reprodução da capa e de uma página da HQ Anita Garibaldi: o nascimento de uma heroína, na tradução para o italiano. – Custódio Rosa/Direitos reservados

Traço irreverente

Nascido em Laguna (SC), o cartunista Custódio Rosa assumiu o desafio de deixar um pouco de lado as tirinhas e contar uma parte menos conhecida da vida de uma conterrânea ilustre. A HQ Anita Garibaldi: o nascimento de uma heroína foi publicada de forma independente no Brasil e conquistou a Itália, onde a revolucionária também ganhou status de personagem histórico.

A editora VerbaVolant publicou o livro na Europa, e a recepção na crítica italiana foi positiva ao ponto de a empresa encomendar uma história infantil ao cartunista brasileiro. “É a história de um garoto de subúrbio que joga futebol e anda de skate. Isso cabe tanto em uma cidade italiana quanto em São Paulo”, disse Custódio.

Segundo ele, os europeus gostam da irreverência dos quadrinistas brasileiros, que têm um perfil mais autoditada e menos acadêmico. Para o futuro, Custódio planeja contar a biografia completa de Anita Garibaldi. “Minha intenção é republicar em um volume completo em uma saga inteira. Ela vai fazer 200 anos de nascimento em 2021 e vou tentar usar esse período para produzir o que falta”.