Mudança no gosto e no cheiro da água de Porto Alegre é mistério para o Dmae

Na última terça-feira (7), diretores e técnicos do Dmae (Departamento Municipal de Água e Esgotos) estiveram reunidos para formalizar um grupo de trabalho que já vinha atuando informalmente desde a semana passada, com o objetivo de identificar os elementos ou compostos que alteraram o gosto e o cheiro da água distribuída pelo Dmae em algumas regiões de Porto Alegre, há cerca de 15 dias.
Técnicos da Smam (Secretaria Municipal do Meio Ambiente), da Fepam (Fundação Estadual de Proteção Ambiental), do Instituto de Química da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul) e da Vigilância Sanitária da Secretaria Municipal da Saúde também participam do grupo de trabalho.

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“Desde o início desse processo, tratamos primeiro de reforçar os cuidados habituais que temos com a qualidade da água que distribuímos. Apesar de reconhecer e lamentar o desconforto dessas alterações de odor e sabor, logo tratamos de informar e garantir que a água continua potável e não oferece risco à saúde. A seguir, conscientes de que o problema estava fora do Dmae, fomos em busca dos órgãos ambientais para somar esforços em busca da identificação do problema. É nisso que continuamos trabalhando”, explica o diretor-geral do Dmae, Antônio Elisandro de Oliveira.
Embora as manifestações tenham surgido dos mais variados pontos da cidade, portanto da água produzida nas cinco estações de tratamento (só não houve nenhum caso na região das ilhas), foi na zona central e especialmente na zona Norte que se concentraram os relatos mais agudos. Por isso, os trabalhos de investigação e análise têm se concentrado mais numa área que vai do Cais Navegantes até as proximidades da Arena do Grêmio. É nessa região que estão as captações das estações Moinhos de Vento (abastece o Centro Histórico) e São João (abastece a zona Norte).
O Instituto de Química da UFRGS, ampliando o trabalho feito nos laboratórios do Dmae, já identificou muitos compostos presentes na água, o que dificulta o processo de análise específica do composto que está causando as alterações, mas a rota de análise que estará sendo perseguida é a busca dos voláteis presentes. A Smam e a Fepam trabalham no monitoramento do Guaíba, principalmente em torno dos pontos de captação do Dmae, e fiscalizam os inúmeros empreendimentos na orla daquela área.
Por enquanto, mesmo sem a identificação das causas, já podem ser descartadas várias hipóteses. O padrão de potabilidade está mantido, especialmente do ponto de vista microbiológico. Não se trata de algas, como em anos anteriores. As análises toxicológicas deram negativas. Também nada foi constatado referente à presença de nutrientes. A Fepam ainda aguarda alguns resultados de análises encaminhadas. E o Instituto de Química garante que os compostos detectados estão em uma concentração muito baixa, o que explica as alterações de gosto e odor sem interferir nos padrões que garantem a potabilidade da água.